Lugar de mulher também é no cinema!

Dos dezesseis roteiristas nomeados ao Oscar nesse ano, apenas quatro eram mulheres. Em comparação com o ano anterior, em que apenas Allison Schroeder foi nomeada, podemos ver essa informação como um avanço, mas apesar da grande atenção prestada a falta de diretoras nomeadas, também é importante apontar o tamanho da disparidade de gênero na indicação de roteiristas.

Algumas pessoas podem afirmar que as mulheres recebem menos indicações devido a terem menos oportunidades de escrever, mas existe na verdade uma longa lista de escritoras que quebraram as barreiras em seu gênero, de terror à comédia, passando até por gêneros como aquele de A Forma da Água (seja ele qual for, lol). Separamos apenas sete desses filmes para mostrar essa variedade, mas sintam-se livres para indicar outros filmes nos comentários!

A Felicidade não se compra (1946) – Frances Goodrich

still from It's a Wonderful Life
(imagem: RKO Radio Pictures)

Esse sentimental clássico de natal costuma ser lembrado como “A Felicidade Não Se Compra, de Frank Capra”, mas sem a adaptação para cinema de Frances Goodrich e de seu marido, Albert Hackett, a maravilhosa “Bailey Building and Loan” de Capra teria ido parar em Pottersville. Goodrich é creditada por pelo menos 48 roteiros, desde 1931, incluindo O Pai da Noiva (1950), Desfile de Páscoa (1948) e A Noiva Desconhecida (1949).

Halloween – A noite do terror (1978) – Debra Hill

jamie lee curtis surprised by Michael Myers in Halloween
(imagem: Compass International Pictures)

O famoso diretor John Carpenter teve sua carreira marcada por Halloween (inclusive produzindo a sequência comemorativa ao aniversário de 40 anos do filme, com Jamie Lee Curtis), mas o que muitos não sabem é que a obra teve uma coescritora, Debra Hill, sua namorada na época e parceira de longa data em produções. Apesar de Halloween ser rotulado de “antifeminista” por seus comentários moralistas na promiscuidade feminina e do fato do vilão deixar a mocinha para o final, Debra Hill afirmou em entrevista concedida a EW em 1997 que ria bastante dos comentários que apontavam o filme como “chauvinista”.

Superman: O filme (1978) – Leslie Newman

(imagem: Warner Bros.)
(imagem: Warner Bros.)

O casal Leslie e David Newman escreveu os três filmes de Superman estrelados por Christopher Reeve em parceria entre os aos de 1978 e 1983. Leslie é a única roteirista mulher creditada em filmes da franquia do Superman, e sua ideia de Lois Lane é definitivamente mais feminista do que as adaptações modernas. “Eu me identifico com Lois Lane porque é possível estar apaixonada por um cara, querer estar com ele, e ainda assim, querer ter sua carreira”, declarou ela para a revista People, em 1981.

Star Wars: Episódio V – O Império Contra-Ataca (1980) – Leigh Brackett

Carrie Fisher as Leia in Star Wars: The Empire Strikes Back
(imagem: Lucasfilm)

Leigh Brackett foi a única mulher creditada por escrever um filme de Star Wars – e teve boa parte de seu roteiro modificado por Lawrence Kasdan quando George Lucas o contratou para “finalizá-lo”. O roteiro original colocava maior ênfase no triângulo amoroso da série e no complexo relacionamento entre Luke Skywalker e Darth Vader, e pode ser lido nos arquivos da Lucasfilm (na California) ou na Coleção Especial de Jack Williamson da biblioteca da Universidade do Novo México.

E.T., O Extraterrestre (1982) – Melissa Mathison

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(imagem: Universal Pictures)

E.T. não estaria no coração de Elliot se não fosse pela roteirista Melissa Mathison, que foi a responsável pela criação do personagem e das suas linhas mais memoráveis em todo o filme. Nomeada para o Oscar de Melhor Roteirista em 1983 (uma das duas mulheres nomeadas naquele ano), Mathison declarou que o diretor Steven Spielberg insistiu que ela ficasse no set durante toda a filmagem. “Eu acho que se Steven estivesse cercado apenas por homens, algum deles teria dito algo do tipo ‘Ah, vamos lá, o filme tá ficando muito mole’, e comigo lá, todos ficavam falando ‘Está ótimo, não se preocupe, vai dar tudo certo’”, declarou ela ao The Guardian na época.

Guardiões da Galáxia (2014) – Nicole Perlman

Gamora, Drax, and Groot in Guardians of the Galaxy
(imagem: Marvel Entertainment)

Escrevendo em parceria com o diretor James Gunn, Guardiões da Galáxia foi o primeiro trabalho creditado a Nicole Perlman. Apesar de não estar na equipe responsável pela sequência do filme, ela trabalhou como corredatora em Capitã Marvel, de Brie Larson, que será lançado no ano que vem. Outras duas mulheres também colaboraram com o roteiro: Meg Lefauve (Disney-Pixar) e Geneva Robertson-Dworet (roteirista do novo Tomb Raider).

A Forma da Água (2017) – Vanessa Taylor

(imagem: Fox Searchlight Pictures)
(imagem: Fox Searchlight Pictures)

Guillermo del Toro levou a estatueta de melhor diretor por A Forma da Água, que também venceu nas categorias de Melhor Fotografia. Mas o roteiro, indicado na categoria de melhor roteiro original, foi coescrito por Vanessa Taylor, que também assina trabalhos para séries de televisão como Game of Thrones, Everwood: Uma Segunda Chance e Alias: Codinome Perigo. Seu mais novo projeto é a adaptação do best-seller de J. D. Vance, Hillbilly Elegy para o produtor Ron Howard.

Apesar das conquistas das mulheres em roteiros nas últimas décadas não poderem ser desvalorizadas, ainda esperamos pelo dia em que as histórias escritas por mulheres não tenham de ser assinadas em parceria com roteiristas homens para que possam ser consideradas clássicas.


Traduzido de TheMarySue.

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