Classificado como exaustivo por alguns e magnífico por outros, uma coisa é certa, The Deer God é um dos mais belos exemplos da evolução no gênero plataforma.

The Deer God é um indie de plataforma desenvolvido pela Crescent Moon Games e financiado por uma campanha do Kickstarter. Com um visual muito, mas muito lindo mesmo – impossível não lembrar de Princess Mononoke do Studio Ghibli -, e uma trilha sonora sensacional, o jogo trata de temas como reencarnação e karma, e ainda vai além, promete desafiar sua religião! Mas será que vale a pena mesmo? Cola aqui, e vamos conversar mais sobre esse joguinho maroto.

Primeiramente, assista ao trailer:

Já faz algum tempo que jogos de plataforma possuem uma storyline mais elaborada, com traços de RPG. Enredos como os de Braid, Teslagrad e Child of Light são grandes exemplos nos quais a motivação do personagem vai muito além da mera destruição das forças do mal, ou de salvar a princesa no próximo castelo (com todo respeito, é claro). The Deer God conta a história de um caçador que ao tirar a vida de um filhote de cervo, acaba sendo morto por um lobo. Seu espírito então, vai ao encontro do deus supremo, ironicamente, um cervo, que o reencarna na pele do filhote que ele havia acabado de abater. É aí que a noção do karma é introduzida pela primeira vez. Agora você é a presa, brother, e deve se redimir pelos erros que cometeu enquanto ainda era humano.

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Sem muitas complicações nos controles, o jogo incialmente consiste em correr, pular e se defender com um dash. Não há um objetivo claro a princípio, apenas a sobrevivência. Basta manter cheias as três barrinhas vitais (HP, fome, e stamina), e vagar pelas paisagens deslumbrantes, ao som de uma trilha sonora sublime.

Eventualmente os perigos aparecerão, caçadores e outros animais selvagens, bem como NPCs que irão propor quests e recompensas para ajudá-lo em sua busca por redenção. O curioso é que boa parte dos NPCs são humanos, e apesar de se questionarem por estarem conversando com um animal, sempre chegam à conclusão de que existe algo diferente em você. Acontece ali uma espécie de diálogo entre almas, e a forma que eles usaram para ilustrar o espírito do caçador é também uma das belezas do jogo, basta apenas você parar de controlar o personagem por alguns segundos, e vai perceber que ele olha diretamente para você através da tela…

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Espírito da Floresta?

A interpretação do que isso significa é bastante subjetiva, e é claro, a música e o cenário contribuem para a percepção de que assim como acontece com os NPCs, o personagem também possui uma ligação mística com o jogador. Este é um dos pontos mais fortes do jogo.

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Mas então, o jogo é exaustivo ou ficamos mesmo acostumados com a jogabilidade fácil de alguns títulos atuais?

The Deer God  exige uma certa paciência do jogador por dois motivos. Antes de explicá-los quero acrescentar uma reflexão que vale para jogos em geral, e é incluisve a pergunta deste tópico. Todos nós já passamos raiva jogando, sempre tem aquele momento em que não sabemos para onde ir ou o que fazer. Quem nunca xingou muito no twitter na hora de passar o Water Temple em Zelda Ocarina of Time? Ou no puzzle do piano em Silent Hills! Exemplos não faltam. No caso de The Deer God, existem duas ocasiões em que o jogador pode ficar bastante frustrado. A primeira delas é durante a busca por itens de quest, que aparecem aleatoriamente no cenário e podem levar bastante tempo para serem encontrados. O segundo problema entra aí, o nosso cervo cresce à medida que os dias passam, mas se você morre é obrigado a recomeçar como um filhote, com a capacidade de salto reduzida! O avanço no jogo depende quase exclusivamente de pular obstáculos no cenário, sem isso você fica travado, o jogo não flui, e se você for do tipo impaciente, é ragequit na hora!

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Então, a reposta para a pergunta do tópico no caso de The Deer God é sim, e sim. Longas quests e buscas quase intermináveis por itens podem ser consideradas falhas, tendo em vista que o gênero plataforma tende a limitar a exploração, tornando a experiência um tanto repetitiva. Ao mesmo tempo é verdade que muitos jogos atuais facilitam a jogabilidade, explicando detalhes com uma dúzia de tutoriais, e indicando destinos e direções, o que não acontece em The Deer God. Então, a junção destes dois fatores pode tornar a experiência de jogo menos agradável do que deveria.

Conclusão

The Deer God vale a pena se você tiver paciência e for capaz de desfrutar do que o jogo tem a oferecer: um visual muito atraente em pixel art 3D, músicas lindas, storyline cativante, e recompensas pela sua perseverança: seu cervo solta hadouken bolas de fogo gigantes pelos chifres! No geral, é um bom game de plataforma e está disponível para PC, XBox One, IOS e Android.

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