Autoras maravilhosas e obras maravilhosas.

Tanto Steven Universe quanto She-Ra e as Princesas do Poder chegaram ao final de suas histórias se tornando exemplos brilhantes desse momento de representatividade queer na animação, o que torna algo extremamente fácil esquecer que até pouco tempo atrás, personagens queer não existiam no mundo da animação, exceto para “criar alívio cômico”.

As criadoras de ambas as séries gostariam de lembrar a todos que a animação, esse espaço que está se tornando especialmente inclusivo em termos de representatividade queer, chegou a esse ponto muito por causa da combinação de seus esforços. Em uma entrevista para a Paper Magazine, Rebecca Sugar e Noelle Stevenson detalharam suas respectivas experiências enfrentando a cobrança por “redução” ou remoção completa de conteúdo contendo pessoas não-heterossexuais, por conta de uma ultrapassada ideia de que isso tornaria os materiais respeitáveis e apropriados. Rebecca afirmou na entrevista:

Nos disseram a queima-roupa, ‘você não pode colocar esses personagens em um relacionamento romântico`, mas naquele momento Garnet já era tão sólida com o público que todos poderiam instantaneamente entender qual era o seu relacionamento, que a música já havia sido escrita, o episódio já havia sido encaminhado e estava em produção [sobre o episódio em que Garnet volta a se fundir]. Estou realmente orgulhosa da paciência que tivemos e do tempo que levamos para explorar esses personagens em um momento em que isso não era necessariamente possível.

Stevenson ecoou então o sentimento de Sugar, ao explicar como, constantemente, ela teve de confrontar a forma como as pessoas queriam ver Felina e Adora, de She-Ra, como irmãs e não como duas mulheres que estavam claramente apaixonadas. Mas enquanto as pessoas interpretavam de forma errada o que She-Ra estava tentando dizer sobre sua heroína e seu interesse amoroso, Stevenson viu uma oportunidade para usar essa confusão como uma forma de construir a base para a futura revelação de seus sentimentos de uma forma muito mais intensa. E afirmou:

Eu vou traduzir isso pelas lentes da irmandade, porque isso é algo que entendo. Deixar isso acontecer ou pensar que elas tinham essa conexão intensa, esse nível de preocupação uma com a outra, essa é a forma mais fácil de chegar ao ponto em que o relacionamento tem o peso que precisava ter.

Um ponto comum entre as experiências das duas foi a necessidade de um empurrão de empatia contra os instintos institucionais dos estúdios, que tentavam ocultar qualquer conteúdo contendo pessoas queer, sob a alegação de que não existe público para histórias que não se passem ao redor de personagens heterossexuais. Caso não houvesse, séries como Steven Universe e She-Ra e as Princesas do Poder não existiriam, e tampouco teriam se tornado sucessos tão grandes. Então, isso agora é algo que os estúdios devem levar em consideração.

Não apenas a existência de público para essas séries, mas a de um grande clamor por mais conteúdo que mergulhe profundamente e explore aspectos dessas personalidades e identidades que raramente chegam às telinhas. A grande pergunta agora é: quando os estúdios vão conseguir entender seu público e entregar a nós as séries que desejamos?


Fonte: io9

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