Novo filme chega com um oceano de polêmicas envolvendo Johnny Depp, que interpreta Jack Sparrow pela quinta vez
Johnny Depp, o ex-crush de 10 entre 10 millennials alternativas(os), está vivendo o pior momento de sua carreira. Em 2003, com o estouro de Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra, ele praticamente ganhou carta branca da Disney, mas começou a estrelar fracasso atrás de fracasso nas bilheterias, interpretando versões ligeiramente diferentes de Jack Sparrow. Hoje ele passa por uma crise financeira séria, está envolvido em diversos processos – inclusive de violência doméstica por ter espancado a ex-mulher -, ganhou o apelido “Johnny Debt” (Johnny Débito), e foi acusado por um tabloide de pagar para uma pessoa decorar seus textos. E é nesse cenário nada encorajador que Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar chega aos cinemas, hoje, dia 25.
O novo filme ignora completamente a existência do quarto longa da franquia, Navegando em Águas Misteriosas, e retoma a narrativa da trilogia original. A fórmula é basicamente a mesma: alguém precisa da ajuda de Jack por um motivo nobre, o pirata recusa, mas acaba aceitando. Eles então partem em busca de algum tesouro enquanto são perseguidos por um inimigo perigoso.
Temos alguns novos personagens, como Henry Turner (Brenton Thwaites) – filho de Will Turner (Orlando Bloom) e Elisabeth Swan (Keira Knightley) – que quer se unir a Jack para resgatar uma relíquia e quebrar a maldição do pai. No caminho eles encontram Carina Smyth (Kaya Scodelario), ÚNICA PERSONAGEM FEMININA DO FILME, que tem que aguentar os outros sendo machistas com ela o filme inteiro (piadinhas sexuais sobre seu corpo e até sobre ela ser prostituta). Ela é acusada de bruxaria por ter conhecimentos de astronomia e, convenientemente, busca a mesma relíquia. Apesar de ser a personagem mais inteligente do filme, é subestimada e sofre bullying o tempo inteiro. Enquanto isso, o Capitão Salazar (Javier Bardem), que comanda um navio fantasma destruído por Jack, persegue o bucaneiro bêbado em busca de vingança.
O filme é visualmente deslumbrante, apesar de meio escuro para a maioria das salas de cinema brasileiras, problema que é intensificado pelos óculos 3D. Os efeitos especiais, como nos filmes anteriores, funcionam muito bem – especialmente o que dá a Salazar a aparência de estar sempre debaixo d’água, além da impressionante cena final – e as sequências de ação são bem executadas, mesmo que excessivas. Mas, além disso, o filme não tem nada a acrescentar.
Jack Sparrow, que foi o grande diferencial do primeiro longa, já é um personagem cansado e repetitivo, que só sofreu com todos os problemas do ator que o interpreta. O novo casal é uma cópia de seus predecessores, inclusive em personalidade e motivação, e as participações especiais precisam levar o filme nas costas. O roteiro é cheio de furos e excessos, e se arrasta entre as demasiadas cenas de ação. Mas apesar de tudo isso, o longa é razoavelmente divertido e funciona como um encerramento para a franquia. Isso se os produtores não inventarem uma sexta história. Oremos.
Jornalista, especialista em séries de TV, cinema e cultura pop. Apaixonada por desenhos animados, tem um gato chamado Gunter e compete com ele pra ver quem gosta mais de dormir. Aspirante a ilustradora e confeiteira, é SJW e feminista nas horas vagas.