Nesse clima de Natal, Ano Novo, família, amor, muito amor, respeito e amizade, nosso Personagem da Semana é um símbolo muito forte dessa união familiar. Como ele mesmo disse: “Se dedica à família? Um homem que não se dedica à família nunca será um homem de verdade”. Por essa e muitas outras lições de vida, Vito Corleone se tornou um dos mafiosos mais queridinhos do Planeta Terra (e também gerou muitos medos, quem nunca aí temeu acordar com uma cabeça de cavalo na cama?).

Mas antes, uma musiquinha para você ouvir como trilha sonora enquanto lê o resto do Personagem da Semana… pra dar um clima…

A História

O padrinho nasceu em Corleone na Sicília e foi chamado na verdade de Vito Andolini. Em 1901 seu pai foi assassinado por ter insultado o chefe da máfia local. Seu irmão mais velho jurou vingança e sumiu nas montanhas, porém ele foi ao funeral de seu pai escondido, e foi morto também. A mãe dos dois meninos, preocupada com o que Don Ciccio poderia fazer com seu filho mais novo de apenas 9 anos, foi procurá-lo para implorar que poupasse o garoto, já que, além de inofensivo, ainda achavam que ele era mudo.

Don Ciccio falou que não poderia deixá-lo viver, já que quando crescesse com certeza ele iria querer vingar o pai e o irmão. Então, sua mãe ataca o mafioso para defendê-lo e o manda fugir. Mas a pobre mulher não sobrevive. Já Vito consegue ajuda para fugir para os Estados Unidos, e somente ao chegar lá, em 1901, que o registraram como “Vito Corleone”, porque os americanos não estavam muito preocupados em fazer tudo certinho. Além disso, o menino foi diagnosticado com varíola e por isso teve que passar 3 meses em quarentena. E é nesta cena em que o jovem Vito aparece falando (na verdade cantando) pela primeira vez.

Curiosidade: essa é uma musica folclórica siciliana que se chama “Lu sciccareddu”, que pode ser traduzida como “O macaquinho”. A letra é a seguinte:

“Avia ‘nu sciccareddu
ma veru sapuritu
a mia mi l’ammazzaru,
poveru sceccu miu.”

“Eu tinha um macaquinho
Muito engraçadinho
Eles o mataram
Pobre do meu macaco”

Vida do Crime

A vida do crime de Vito Corleone só começa mesmo após alguns anos, quando ele já é casado e com filhos. O seu incentivo foi a revolta que o mafioso local lhe causava, o Don Fanucci. Ele cobrava mensalidade de todos os italianos locais que tinham algum tipo de negócio “se ele é italiano, porque então perturba outros italianos?”. Vito ainda perde seu emprego honesto em uma mercearia porque o dono foi obrigado a empregar o sobrinho de Fanucci.

Por coincidência, nesse meio tempo, um vizinho um dia pediu para que ele escondesse uma trouxa. Dentro da trouxa haviam armas, mas ao ser questionado dias depois pelo homem que as entregou se ele viu o que ele estava escondendo, Vito apenas responde “não me interesso pelo que não é da minha conta” (esse cara sempre tem a melhor resposta). Como agradecimento, o vizinho pega um tapete caríssimo de um “amigo” e dá para Vito (em outras palavras, eles invadem a casa de alguém e roubam). Juntando uma coisa com a outra, eles ficam amigos e Vito começou a trabalhar no tráfico de armas porque gostou da ideia de ganhar recompensas.

Mas o que o tornou fodalhão mesmo foi quando Fanucci foi perturbá-lo de novo pedindo para que ele e seus dois comparsas pagassem uma mensalidadade de pelo menos 100 dólares cada um. Vito Corleone não tava muito afim de fazer isso não, então foi lá e deu uns tiros no cara. As pessoas ficaram extremamente gratas a ele, e começaram a lhe dar presentes, o primeiro que aparece é um fruteiro que lhe dá umas laranjas. Uma coisa foi levando a outra e ele passou a viver de troca de favores.

Vito fecha o ciclo (e o segundo filme) voltando para Corleone e se vinga de Don Ciccio (o filho da puta que matou sua família, lembra?) cortando as entranhas do cara com uma faca.

Características

Vito Corleone é um dos personagens mais dúbios criados até hoje, porque, apesar de ser um mafioso, ele tem um caráter muito forte. Ele não é um tirano, não se aproveita do poder apenas para benefício próprio. Ele ajuda muitas pessoas (principalmente italianos) e protege muitas famílias também. Aliás, essa questão da família é fortíssima para ele, ele considera sua mulher e seus filhos como as coisas de maior valor em sua vida, e os respeita muito, tanto que ele não queria nenhum deles trabalhando no ramo. Uma das cenas que também demonstra o amor pela família é quando ele é jovem ainda e um amigo mostra a moça que ele tava pegando para Vito, e fica insistindo que ele diga que ela é muito bonita. E Vito sabiamente responde “sim, é muito bela, mas não para mim… para mim só existe minha mulher e meus filhos”. É o marido que todas nós pedimos a Deus, não é verdade?

Outra demonstração de caráter é quando um traficante de drogas quer fechar um acordo com ele, já que dorgas é o grande lance do momento e armas é coisa do passado. Vito se recusa já que drogas é algo que ele considera extremamente antiético (armas tudo bem). E acaba comprando até uma briga com todos os outros traficantes por causa de seus princípios, mas o importante é que ele os defendeu até o fim. Foi baleado por isso, mas sobreviveu, porque ele é foda. Além disso, ele era um cara tranquilão, falava manso (aliás, seu jeito de falar é uma de suas características mais marcantes) e nunca interrompia a fala de ninguém. Ele dizia que sempre se deve ouvir tudo que o outro tem a dizer, e que devia responder sem elevar o tom da voz, pois para ele, quem faz isso é porque está nervoso, e quem está nervoso é porque já perdeu a razão. Fodástico, não?

Interpretações

Vito Corleone é interpretado maravilhosamente por:


Marlon Brando (no primeiro filme em idade mais avançada)


Robert De Niro (no segundo filme em idade jovem adulta)


Oreste Baldini, como Vito Andolini

Frases célebres

Além das frases citadas anteriormente, aqui vai mais algum dos ensinamentos de Vito:

“Não odeie seus inimigos. O ódio atrapalha o raciocínio.”

“Mantenha seus amigos perto. E os seus inimigos mais perto ainda.”

“Deixe que seus amigos subestimem suas qualidades e que seus inimigos superestimem seus defeitos.”

“Quem lhe oferecer segurança será o traidor.”

“Um advogado com uma pasta pode roubar mais que mil homens armados” mas depois ele completa “mas na hora da luta, nunca troque seus homens por um advogado”.
“Homens realmente grandes, não nascem grandes, tornam-se grandes.”

“Nem todo o poder do mundo pode mudar o destino.”

“Farei uma oferta irrecusável a ele” (clássica)

E eu farei uma oferta irrecusável para vocês, comentem nesse post e eu não colocarei uma cabeça de cavalo em suas camas.

Antes de partir, mais um musiquinha para relaxar:

Abraços, e aquele axé!

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