Após sete incríveis temporadas, Orange is the New Black infelizmente chegou ao fim.

A temporada final da série chegou à Netflix, encerrando a jornada das várias mulheres de Litchfield e todas as importantes histórias que elas compartilharam conosco nos últimos anos. Ainda que a série tenha chegado ao seu fim, ela deixará uma marca inapagável nas séries de televisão.

Orange is the New Black era a terceira maior série exclusiva da Netflix, atrás de House of Cards e Hemlock Grove, e de acordo com a Variety, boa parte do público ainda a apontava como a série favorita, mesmo após seis temporadas inteiras e com a enorme expansão do catálogo do serviço de streaming. Sim, OITNB está a frente de Stranger Things e séries licenciadas amadas pelo público, como The Office (disponível apenas na versão americana da Netflix atualmente) e Friends. Ainda de acordo com a Variety, 105 milhões de inscritos chegaram a assistir ao menos um episódio de OITNB. E o sucesso não é apenas com os fãs, uma vez que desde seu lançamento a série tem sido um sucesso de crítica, provavelmente, devido a sua abordagem diferente de qualquer outra anterior.

Jenji Kohan, criadora da série, construiu um mundo incrivelmente feminino, queer e etnicamente diverso – um que explorou tanto os perigos do privilégio e de histórias altamente marginalizadas, de uma forma jamais feita anteriormente. A série teve momentos difíceis de assistir. Ela jogava a realidade na sua cara. E o conteúdo era absolutamente original.

Dizer que a série complicou a televisão da melhor forma possível é subestimar o seu papel, e a dúzia de indicações ao Emmy em seu primeiro ano (com 4 vitórias) provou como as pessoas esperavam uma série assim.

Ainda que você não conseguisse se conectar com uma personagem em específico, certamente conseguia entender os seus sentimentos: solidão, traição, felicidade, amor, confusão, abandono. Independente de suas transgressões passadas, Orange is the New Black sempre enalteceu a humanidade das prisioneiras.

Uma das melhores decisões tomadas pelos diretores ao adaptarem o livro em que a série foi baseada foi ampliar a visão branca e de classe média-alta de Piper, de forma a incluir o resto do elenco na história. Vender uma série sobre prisioneiras mulheres, queer e minorias, pode ter sido considerado uma aposta arriscada em Hollywood (e talvez ainda seja), mas como Kohan uma vez afirmou para a NPR, Piper era seu Cavalo de Tróia. A série pode ter começado como a história de uma garota branca e bonita na prisão por um erro do passado, como um peixe fora d’água, mas na verdade é sobre a forma como um sistema prisional injusto e sem investimento pode afetar a todo mundo – especialmente pessoas negras e latinas de baixa renda. Teria OITNB conseguido abordar tantas histórias, falar sobre violência policial, apontar os problemas inerentes a um sistema prisional privado, sem Piper na história? Ela é definitivamente a personagem menos interessante da história, então é engraçado pensar que pode ter sido ela a responsável por fazer a série acontecer, sendo no final aquela que menos importa.

De acordo com Taylor Schilling, intérprete de Piper, essa dicotomia é parte integrante da última temporada. Ela afirmou ao The Hollywood Reporter, em entrevista recente que:

Parece que se você é uma pessoa branca, especialmente uma pessoa branca com dinheiro e condição financeira, que a lei nunca te tocará. E por outro lado, pessoas são punidas por serem pobres, em vez de serem punidas por seus crimes. Existem paralelos entre uma pessoa negra ou latina cometendo um crime e uma pessoa branca cometendo o mesmo crime, e a disparidade nas sentenças é marcante. É incrivelmente importante trazer isso à luz, e sou grata de poder ter a chance de falar sobre isso durante a série.

Antes de Orange is the New Black, nenhuma outra série havia tratado essas questões tão claramente.

E ainda que a sétima temporada pareça um ótimo ponto para encerrar a história, tendo em vista a disparidade e desigualdade ainda tão presente no mundo, a série poderia ter mais 20 temporadas. Ainda assim, a série mudou a TV para melhor – e isso é algo que podemos comemorar, ainda que sintamos falta das mulheres de Litchfield.


Fonte: Bustle

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