Ouvi os camponeses falando que o homem era um pai abusivo. Ele estava parado no centro de sua cabana mal iluminada, com um jarro preso em sua cabeça e eu sabia que era a minha hora de agir. Ele nem percebeu. Puxei a minha tela e comecei a pintar.

Eastshade é um jogo que será lançado para PC no final desse ano. O jogo de exploração em mundo aberto, que busca semelhanças a jogos como Skyrim e Witcher 3, porém, não deixa você arrancar sequer um fio de cabelo das cabecinhas cabeludas de seus estranhos habitantes. Em vez disso, você vai pintar seu caminho através das paisagens, construindo telas, buscando o melhor ângulo e então capturando o melhor possível a imagem do que está olhando. Pense nos RPGs citados anteriormente, mas com uma pitada de Pokémon Snap. Em vez de bater nas pessoas ou roubar seus queijos, você pinta quadros deles. Bem de boas.

E bom, você faz isso se eles forem narcisistas, como um babaca pomposo que conheci em uma taverna, e que depois de ver minhas pinturas, afirmou que deveria haver um quarto cheio de pinturas dele, dedicadas a suas ousadas aventuras (ah, ele pagou pelo serviço, então não posso reclamar tanto). Mas em outras oportunidades, personagens podem pedir por pinturas de seus locais favoritos, de eclipses ou da vida selvagem. Você pode pintar o que quiser, e de acordo com Danny Weinbaum, desenvolvedor do jogo, esse é exatamente o ponto.

Em entrevista a Kotaku, o desenvolvedor afirmou: “Nós queremos encontrar uma forma de transformar em jogo a expressão ‘parar e sentir o cheiro das flores’. Nós pensamos inicialmente em colocar algumas mecânicas simples de sobrevivência, mas elas foram as piores. Nós queremos que as pessoas possam ir com calma”.

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Weinbaum e seu time decidiram utilizar a pintura porque atendia a tudo que desejavam. Os jogadores poderiam entrar em contato com o mundo (um quinto do tamanho de Skyrim) sem precisarem se tornar assassinos em série de uma população local composta em 99% por bandidos. Em vez disso, você se envolve na vida dos personagens, com suas escolhas (e pinturas) afetando as vidas deles.

O cara com o jarro na cabeça, por exemplo, não reagiu a minha pintura de forma alguma (algo que os desenvolvedores pretendem alterar, porque muita gente tenta pintar o cara), mas ele decidiu me dar um murro depois de eu comentar que havia ouvido boatos sobre a forma que tratava seus filhos. Depois de recuperar a consciência, um policial apareceu para me interrogar. Weinbaum afirmou que posteriormente no jogo, o cara perde a guarda do filho, porque mostrou sem sombra de dúvidas que era um cara violento ao atingir o jogador.

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Essa pequena história poderia correr de diversas formas diferentes, mas é uma demonstração do que o jogo pode oferecer. É um jogo cheio de “side quests”, que fazem você sentir que está em uma pequena aventura. E enquanto o jogo possui uma progressão através dos cenários, não há exatamente uma história principal. Você é um turista, e de acordo com o desenvolvedor, os jogadores não precisam de um grande propósito para quererem explorar.

“Meu sentimento favorito no mundo é o de chegar em uma nova cidade”, afirmou na mesma entrevista. “Sentir aquela energia. Eu lembro da primeira vez que fui a Munique e fiquei tipo ‘meu deus’. O jogo é sobre exploração, para o próprio bem”.

A experiência com a demo do jogo, em pouco mais de uma hora, demonstra que o mundo de Eastshade é ao mesmo tempo atraente e estranho. Cheio de paisagens maravilhosas e pessoas-animais bizarros. Um dos mais interessantes foi um personagem que se declarou o melhor amigo do protagonista após um curto questionário totalmente sem noção. O jogo atrai sua curiosidade, e o mais importante: te recompensa por ela.

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A área principal da demo, uma cidade cheia de pessoas é bastante interessante e é interessante imaginar se isso vai funcionar em todas as áreas do jogo. Também vale a pena perguntar se essa estrutura vai continuar interessante durante toda a duração do jogo. E ah, claro, como se trata de uma demo, ainda há muitos bugs a corrigir.

Buscando inspiração das mini-histórias de The Witcher 3, a equipe de desenvolvimento busca fazer com que toda Eastshade valha o tempo dos jogadores. “Não há uma história principal, então se as missões paralelas parecerem estar lá só pra encher linguiça, o jogo inteiro parecerá assim.” – declarou. “Eu acho que isso funciona melhor nos jogos, de qualquer forma. Como você pode querer contar uma história principal se o jogador pode fazer o que quiser?”


Traduzido de Streamed.

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