Saiba mais sobre este longa cyberpunk cheio de ação!

Estreia essa semana o não tão esperado (infelizmente) “Alita: Anjo de Combate”, com direção do Robert Rodriguez (Sin City, Um Drink no Inferno, Pequenos Espiões), com produção de James Cameron e Jon Landau (Avatar/ Titanic).

Alita anjo de combate poster

O que algumas pessoas podem não saber (e talvez até uma maioria) é que o filme é uma adaptação do mangá cyberpunk de 1990 “Battle Angel Alita – Gunnm Hyper Future Vision”, de Yukito Kishiro, que foi (re)lançado ano passado pela editora JBC.

Mas, como em toda adaptação, sempre rola a pergunta “eu preciso ter lido o mangá antes?” “Vou entender sem ter lido?” “Ai, mais um filme de super-heróis! Não aguento mais!”

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Calma! Sem pânico.

Primeiro, não precisa ler nada para assistir Alita. Esse é um filme redondo que se explica muito bem. E, dica: não é de super-heróis.

O filme conta a história de Alita (Rosa Salazar, de Maze Runner e Bordbox), uma andróide que tem sua carcaça num lixão de eletrônicos pelo Dr. Dyson Ido (Christoph Waltz, de Bastardos Inglórios, A Lenda de Tarzan). Sendo ele um especialista em medicina robótica e notando que ela ainda está viva, ele a resgata. A partir daí acompanhamos a jornada de Alita, que não lembra do seu nome, do seu passado, como foi parar no lixão nem sequer quem ela é.

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Muitas surpresas a aguardam num mundo onde ser androide é normal, uma vez que implantes mecânicos e eletrônicos são comuns, mas que existe um serial killer e ladrão de corpos de andróides mulheres, caçadores de aluguel, e um jogo ultraviolento chamado Monsterball, que mistura uma espécie de basquete/bandeirinha em cima de “patins” e porrada comendo solta. E, claro, androides.

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Alita é um filme de ação que não para, literalmente, com muitas cenas de luta extremamente empolgantes. Além disso, tem um roteiro bem desenvolvido que prende. Curiosamente, é desses filmes que os trailers já contam bastante da trama.

A narrativa é linear e tudo, na medida em que o mistério e o gancho pra continuação permitem, é explicado. Isso vai desde a divisão política e geográfica do mundo ao papel de cada personagem. Os vilões, mocinhos e anti-heróis ficam sempre bem claros, o que cria uma carga emocional e torcida por cada um (seja ela pro bem ou pro mal).

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Existe um certo nível de previsibilidade dos acontecimentos sem que isso funcione em detrimento da história. Na realidade, é um filme gostoso de se assistir funcionando como uma boa aposta de entretenimento com temática de ciborguismo e, ainda que de forma bem superficial, traz a discussão de vida e funcionamento do corpo humano aliado a máquinas.

Há maniqueísmo na história, uma certa luta do bem contra o mal, mas que cada lado vai sendo aprofundada suas motivações e razões com o passar da trama. É interessante acompanhar o uso do poder e influência, tanto social e monetário, como forma de posicionamento diante da sociedade. E por meio dessa dinâmica que certas pessoas moldam suas vidas em busca de uma felicidade.

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E muito disso está no mangá de Alita, de 1990, ou no Ova, Battle Angel, de 1993. Alguns personagens que não estão na obra física, mas que surgiram na animação, foram para as telonas, criando uma história coesa e com um contexto claro. Não há nada muito complexo.

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Alita é uma personagem carismática e que souberam trabalhar as multifacetas femininas. Ela pode até ser 8 ou 80 e se entregar facilmente quando gosta ou acredita em algo, mas também é durona pegada badass, carinhosa/delicada nos momentos necessários e inteligente.

É uma personagem que sabe o que quer, mas que não tem o perfil “gênio forte” de pessoas intransigentes. Ela não se encaixa em apenas um estereótipo feminino, como acontece muito em filmes de ação (e de outros gêneros). E essa complexidade me remete a uma frase marcante da Alita “não me subestime”.

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Um outro ponto forte, é o fato de não hipersexualizarem a personagem principal. Até rolou uma cena questionável em que a personagem Chiren (Jennifer Connelly, de Uma Mente Brilhante e O Labirinto) aparece de lingerie, mas confesso que mais me incomodou a magreza excessiva da atriz do que necessariamente a (falta de) vestimenta. E no mangá rola bastante de corpos femininos sensuais e à mostra. Contudo, isso é um reflexo da época em que a obra foi feita. Tanto nos anos 1980 quanto nos 1990, a cultura pop passava por uma época em que corpos femininos foram explorados – o que não torna correto, mas apenas um fato histórico. Por isso, é importante, inclusive, ler com um certo distanciamento ou consciência histórica.

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As cenas de luta são um desbunde a parte. Muito bem coreografadas, elas sempre empolgam quando aparecem. O interessante é que as lutas fazem parte do contexto da trama e da história da personagem. Até mesmo o motivo dela saber lutar o Panzer Kunst – um estilo próprio da obra – tem seu motivo. E é muito divertido de ver. Ponto alto para as cenas no Motorball e no bar (Robert Rodriguez e suas cenas em bares).

Skating Rosa Salazar GIF by 20th Century Fox - Find & Share on GIPHY

Aliado a isso, têm os efeitos especiais de alta qualidade que deram um ar suave às feições de Alita. Ao mesmo tempo que ela parece um ser 3D, há uma suavidade humana em seus traços e expressões que deixaram a interação entre o digital e os humanos real. O resultado é gratificante. Inclusive, tendo um 3D que não insulta sua inteligência.

E esse sucesso tecnológico também se deve à qualidade de atuação dos atores principais. Tanto Rosa Salazar, Christoph Waltz, Jennifer Connelly e Mahershala Ali (Moonlight, Like Cage) – no papel de Vector – incorporam seus personagens dando um show de atuação. O mais fraquinho e de trejeito meio canastrão foi Keean Johnson ( The Fosters, Nashville), que faz Hugo, uma pessoa de grande importancia na vida de Alita.

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Mas nem tudo são flores. O fato de ter uma adaptação tão fiel – na medida do possível – do mangá, trouxe efeitos colaterais.

Há muito conteúdo. Para ter uma ideia, cada mangá da atual versão brasileira tem, em média, 448 páginas. O filme engloba toda a trama do primeiro e uma parte importante do segundo. Um pouco depois da metade do filme, já existia uma deixa para seu fim, mas mais trama foi desenvolvida. Isso cansou um pouco. Porém, não chega ao ponto de estragar a obra.

Uma outra questão são os traquejos de roteiros de ação. Rolou de algumas coisas não fazerem muito sentido e que levantam aquele velho questionamento do “por que ele fez isso se sabia que não ia dar certo” e até a clássica cena do vilão que está prestes a conseguir o que quer, mas para tudo para ficar se vangloriando da sua conquista e… bem, não dá certo.

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Fato é que na pré-estreia, eu fui uma das poucas a sentir tal cansaço e até mesmo se incomodar mais com esses trejeitos de filmes de ação. O que significa que pode ser que tais fatores não se aplique a todos.

O resultado é que “Alita: Anjo de Combate” é um filme que merece ser visto numa tela gigantesca para aproveitar cada chute, soco, lágrimas e sorrisos que o longa proporciona. E ficar na torcida para que sua continuação seja realizada para completar a incrível jornada de Alita.

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