O que acontece quando duas garotas desconhecidas e completamente diferentes decidem dividir um apartamento na cidade grande? O mangá da semana responde essa pergunta incluindo muito romance, punk rock, atitude, estilo e muitas reviravoltas!


Criado pela fabulosa diva bafônica Ai Yazawa lá no ano 2000 e publicado na revista Cookie da editora Shueisha e no Brasil pela JBC; NANA ainda está em andamento. Possui uma adaptação em anime – que foi ao ar em 5 de abril de 2006, produzido pela Madhouse e dois filmes live action estrelados pelas cantoras Mika Nakashima e Yuna Ito. NANA é o manga shoujo mais vendido no mundo todo e é fácil entender porquê.

Exemplares do mangá NANA
Exemplares da Keyko do mangá NANA

Era uma vez…

NANA conta a história de duas garotas que se conhecem em um trem indo para Tóquio no meio de uma nevasca. Uma é inteiramente fofa e cute cute, daquele jeito que só vemos no Japão. Já a outra é uma punk vocalista de uma banda. O que duas garotas tão diferentes teriam em comum? O mesmo nome: NANA. As duas se separam ao chegar à cidade grande, mas o destino (ah, o destino!) se encarrega de providenciar um novo encontro e as duas decidem então dividir um apartamento. Nana Komatsu é a fofura em pessoa. Volúvel, um pouco fútil e muito ingênua, a garota sai da casa dos pais para morar na capital afim de ficar com seu namorado, que havia se mudado para lá no ano anterior, e tentar passar no vestibular para a faculdade de artes. Nana Oosaki se vira sozinha desde o falecimento de sua avó ainda na adolescência. Cheia de atitude e muito impetuosa, é difícil encontrar algo que a garota não saiba fazer – desde cozinhar até mesmo construir uma mesa de jantar. Apesar de extremamente diferentes, as duas Nanas simpatizam uma com a outra e passam a se entender bem na rotina de morar juntas.

A partir daí nós acompanhamos as aventuras românticas e desajeitadas da Nana Komatsu, ao mesmo tempo que luta pra encontrar um emprego que goste, e a batalha cheia de reviravoltas de Nana Oosaki para conseguir fazer sucesso com a sua banda punk: Black Stones.

Apesar de ser um mangá para o público feminino, NANA está longe de se limitar às características do gênero – ou seja nada de fadinhas, cartas mágicas ou colégios, ao contrário, o enredo do mangá é um tanto denso e envolvente tratando de um assunto que qualquer jovem (provavelmente) gostaria de experimentar: a independência; acompanhamos duas garotas se mudando do interior para a capital para viver vidas novas e longe da família. Nana Komatsu, ou Hachi como é apelidada pela outra Nana, nunca viveu longe da mãe, não sabe administrar seu dinheiro e é normalmente a protagonista da maioria das cenas cômicas da história seja por não saber cozinhar, conseguir ser sempre demitida de seus empregos e ainda mais por sua crença ridícula no Grande Rei do Terror, o qual ela sempre culpa cada vez que algo não dá certo.

Mangá NANA

Arte

O traço de Yazawa pode parecer um tanto estranho à primeira vista, mas é esse visual que ajuda a nos fazer chorar de tanto rir nas inúmeras piadas contidas nos quadros. Yazawa é uma mangaká debochada que adora conversar com seus leitores, tanto é que alguns personagens até se perguntam o que os leitores podem pensar de certas atitudes, por exemplo.

Pontos Fortes

Os personagens são bem marcantes, a começar pelas duas Nanas já que uma é pior do que a outra. A banda punk – Blast – também é composta por figuras muito boas como o baterista Yasu, que por incrível que pareça é formado em advocacia apesar da aparência skinhead. O guitarrista é o simpático Nobu, cuja resistência pra álcool não é lá essas coisas então ele fica bêbado com muita facilidade – e como todo bom bêbado, sempre fala o que não deveria! Por último, o baixista Shin é um dos mais estilosos do grupo com vários piercings e um cabelo platinado de fazer qualquer loira morrer de inveja. Assim como os outros, Shin também é fumante e bebe, o que seria perfeitamente normal, se não fosse o fato de ele ter 15 anos (o.Ó eita) e ganhar a vida entretendo mulheres maduras solitárias – se é que vocês me entendem…

O mangá também é recheado de referências a lugares e pessoas reais como o bar frequentemente visitado pela turma das Nanas, o Jackson Hole – que fica em Tóquio; a estilista Vivienne Westwood, diversas marcas reais de cigarros (Seven Stars e Lucky Strike), guitarras Gibson e Fender e principalmente a banda punk Sex Pistols, citada do começo ao fim e que inclusive rendeu a um dos personagens principais, Ren Honjo, seu visual que é a cara do baixista Sid Vicious. Isso fora as referências aos mangás anteriores de autoria da Yazawa (Paradise Kiss por exemplo, publicado no Brasil pela editora Conrad).

Ren Honjo e sua semelhança com o baixista Sid Vicious da banda punk Sex Pistols
Ren Honjo e sua semelhança com o baixista Sid Vicious da banda punk Sex Pistols

Apesar da parte cômica – presente em toda a série – NANA também possui seus momentos de dramas e reviravoltas melhores que as novelas mexicanas, te fazendo chorar na mesma velocidade que te faz rir. Ao longo da séries nós acompanhamos o amadurecimento das garotas e dos outros personagens, seus problemas pessoais e de relacionamento (que envolvem drogas, sexo e algumas coisas ilegais…) e a dureza que é pra conseguir fazer sucesso, ainda mais em um país pequeno como o Japão onde todo artista tem que ser bom para ser exportado, senão não dura muito tempo no mercado nacional.

Não é um mangá de personagens com super poderes que salvam o mundo, ele se foca em pessoas comuns com vidas (quase…) comuns e é impossível não se identificar com alguma situação ao longo da história ou com o aspecto musical a lá rock n’ roll da série. E também é impossível não desejar os looks rebeldemente lindos da Nana Oosaki ou os mais românticos da Nana Komatsu.

Manga e anime NANA

Anime

O anime não cobre muito além da metade da série, mas tem seus méritos, principalmente pela trilha sonora que ficou a cargo das cantoras Anna Tsuchiya – que gravou a parte da banda punk Black Stones – e Olivia – que gravou pela banda Trapnest, a outra banda famosa da história. Ambas as cantoras capturaram bem o clima do mangá e de suas personagens, resultando em uma trilha sonora muito parecida com álbuns de bandas de verdade.

Rose de Anna Tsuchiya-primeira abertura

Wish de Olivia-segunda abertura

Filmes

Já os dois filmes em live-action trouxeram a veterana e maravilhosa, incrível, minha cantora japa favorita Mika Nakashima e a estreante, na época, Yuna Ito. O filme acabou deixando a parte punk mais pop do que o anime, mas ainda assim a trilha sonora ficou ótima. Mika fez uma Nana perfeita além de sua semelhança física com a personagem; sua voz mais grossa e poderosa do que o normal para uma oriental garantiram a presença marcante da vocalista na película.

Mika Nakashima em cena do filme live-action

E vale a pena?

NANA é um mangá para se mergulhar de cabeça na história e ler vários volumes de uma vez. Infelizmente, a produção dele se encontra em hiatus atualmente devido aos problemas sérios de saúde de Yazawa que a fizeram se afastar de seu trabalho em 2010 e até o momento não parece ter intenção (ou talvez condições, vai saber…) de continuar com seu projeto.

Tristemente, o futuro de NANA ainda é incerto, mas mesmo não concluído é um mangá que vale a pena ler por meninas e meninos!

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