E em todos os anos nesta empresa vital, este provavelmente será um dos mangás que mais vai te irritar, te fazer sofrer, te fazer desejar matar um mangaká por brincar tão cruelmente com seus sentimentos e escrever coisas que te tiram completamente do sério. Do início ao fim.

Tudo bem, esta sou eu fazendo um pouco de drama. Mas posso dizer que isso é graças ao sofrimento que passei por mais de dois anos esperando a finalização da história de Hadashi, por vezes pensando ou falando “QUE PORRA DE MANGÁ QUE É ESSE” ou “TENHO QUE PARAR DE LER ESSA MERDA”, mas sem nunca conseguir, claro. Como falei no post sobre Habaek, meu provável maior defeito como leitora de mangás é me deixar apaixonar incondicionalmente pelo traço do mangaká e deixar passar batido um enredo que não cai muito no meu agrado, não segue uma lógica lá muito compreensível ou simplesmente ultrapassa os limites do clichê e do dramático. Mas vi a imagem do título em capas de créditos de vários outros mangás que eu lia online internet afora, fiquei me mordendo de curiosidade até descobrir o nome do mangá e finalmente começar a acompanhar mensalmente – desesperada e ansiosamente.

A protagonista de Hadashi de Bara Wo Fume.
A protagonista de Hadashi de Bara Wo Fume.

Bom… A verdade é que se você não gosta de histórias que te façam sentir irritado por haver um número considerável de bordões e reviravoltas totalmente inesperadas quando as coisas finalmente pareciam estar se ajeitando, Hadashi de Bara Wo Fume, Stepping on Roses ou Pisando em Rosas (também traduzido como Pisando Descalço em Rosas) não é um mangá muito indicado para sua saúde mental.

MAS CALMA!

Se você, no entanto, se atrever a começar a ler a história, não garanto absolutamente nada. E inclusive ouso afirmar que como eu, você não vai conseguir parar de ler nunca mais. Até o final do mangá, pelo menos. E talvez até leia de novo. Você pode até amaldiçoar a história, mas não vai conseguir tirar os olhos dela. Os belíssimos, fofos, divertidos e graciosos traços do enredo são sinuosos o suficiente para te seduzir até o final e te fazer aguentar o romance água com açúcar – até ele ser transformado em algo totalmente WATTAFUCK e fazer você terminar de ler o capítulo com um baita de um “CADÊ O PRÓXIMO???”. Quando você perceber isso, será tarde demais. A história terá você por inteiro, cativo para sempre, como pescadores que caíam em feitiços de vozes sereianas, morrendo afogados no mar.  #drama

Falando seriamente, uma obra e sua qualidade devem ser julgadas por argumentos efetivos e fundamentados como a originalidade, o impacto da história na época de publicação, o desenvolvimento da história e dos personagens, o refinamento da arte e a capacidade de conexão com o seu público alvo, por exemplo. Se a obra atinge os objetivos por ela propostos, se ela é original e inovadora. Mas, acima de tudo, a forma como o mangá é desenvolvido. Se analisamos assim, independente do gosto pessoal de cada um, a qualidade da obra vai ser a mesma. Se é ruim ou não, vai depender de cada pessoa. E pra falar a verdade, não há nada de mal em gostar de coisas que não sejam de todo boas, uma vez que você saiba que aquilo não é perfeito. Eu sempre fico entre a faca e a espada por falar “é ruim, mas eu gosto”, mas acaba sendo isso mesmo, no final das contas. Mais vale um clichê interessante e bem desenvolvido do que uma ideia completamente original, mas chata e mal feita.

Pisando em Rosas é um mangá japonês shoujo, escrito e ilustrado por Rinko Ueda, cujo gênero é romance-histórico e drama. A história começou serializada na revista Margaret, em 2007, e terminou em 19 de março de 2012, na mesma revista. Os capítulos individuais somam oito volumes. A série foi licenciada pela Viz Media para tradução em inglês.

A trama se passa durante a era Meiji no Japão (por volta de 1892), e tem início tomando como centro o órfão e pobre jovem casal de irmãos Sumi e Eisuke Kitamura, sendo Sumi a protagonista do mangá. Ambos compartilham de uma beleza angelical e coração de ouro, mas enquanto a garota é delicada e bondosa, seu irmão é um jogador mulherengo.

Eisuke, o garanhão.
Eisuke, o garanhão ON FIRE!!

Mesmo sendo pobre e cheio de dívidas, Eisuke tem o costume de levar crianças órfãs que encontra nas ruas para alimentarem-se em sua casa e desaparecer por um longo tempo deixando tudo nas mãos de Sumi – algo que apenas contribui para acentuar as dificuldades da família, uma vez que acabam adotando as crianças e fazendo as já poucas finanças afundarem cada dia mais.

Hadashi de Bara Wo Fume 2
Sumi e seus 5 irmãos adotivos.

Certo dia, quando uma das crianças fica doente, Sumi corre rapidamente para a cidade à procura do médico, mas ele se recusa a atendê-la gratuitamente e ninguém se dispõe a ajudá-la. Então, à beira do desespero, ela começa a implorar por dinheiro na rua para as pessoas que passam.

A desolação de Sumi.
A desolação de Sumi.

Quando tudo parecia perdido, um jovem e belo moço chamado Nozomu surge, dando-lhe mais do que dinheiro: oferecendo-lhe esperanças com sua bondade e seu encantador sorriso polido. A gentileza do jovem fez Sumi se apaixonar perdidamente.

Nozomu sob a perspectiva de Sumi.
Nozomu sob a perspectiva de Sumi.

No entanto, a sorte não era companheira da nossa protagonista. Surgem cobradores das dívidas de Eisuke e da casa onde moravam, fazendo com que Sumi fosse obrigada a admitir sua última e aflita alternativa para impedir que seus irmãos adotivos fossem vendidos para quitar as dívidas: vender seu corpo.

Hadashi de Bara Wo Fume 17Então a bela e inocente Sumi sai à procura de quem pague o preço da dívida em troca de seus serviços, e o clichê leva-a até um rapaz chamado Souichirou:

O encantador Soichirou
O encantador Souichirou. Antes de pensar “COM ESSE FILÉ ATÉ EU CASARIA”, acalme-se, mulher!

O jovem senhor afortunado em suas riquezas, no entanto, nada ingênuo como nossa protagonista, tinha uma condição: ela deveria ser dele pelo resto de suas noites e não apenas em uma. Sim, isso quer dizer que ela teria de aceitar casar com ele! O casamento de fachada com alguém rico como Souichirou salvaria Sumi e consequentemente o resto de sua família pelo resto da vida, então,  sem nenhuma outra opção a seu favor, ela aceita praticamente sem hesitar. Mas Souichirou faz questão de deixar as coisas bem claras para a plebeia:

A 'condição' de Souichirou.
A ‘condição’ de Souichirou.

O problema está se Sumi, a pobre órfã nascida na miséria, conseguirá se adaptar na alta sociedade e conviver com alguém que ela nem mesmo conhece, além de ter de fazer tudo o que ele mandar sem ser descoberta em suas mentiras, com riscos de ter sua família jogada de volta na sarjeta. Seria Sumi, quando se der conta de sua atitude, realmente capaz de jogar fora todas as suas escolhas por dinheiro e viver num casamento sem amor? Quais seriam as intenções de Souichirou ao tirá-la da pobreza e pedir-lhe por algo tão íntimo?

Romântico, né?
Aham, Cláudia, senta lá.

EEEEE, para premiar, uma das primeiras grandes reviravoltas do mangá é que Sumi encontra novamente o seu amado salvador de antes, o gentil Nozomu. Mas novamente em uma situação terrível: ele é o melhor amigo de Souichirou!

DAORA~
DAORA~ BRILHANTE! NINGUÉM PODERIA IMAGINAR UMA COISA DESSAS!11!!um

Bem, com isso é possível concluir que vocês podem esperar TODOS os tipos de clichês acontecendo no mangá, o que me faz imaginar que a autora faz isso de propósito. Mas não importa o quão batido o enredo seja, você sempre vai ficar aflito se perguntando “e agora?”. E sempre acontece alguma coisa. SEEEEEMPRE.

Mas como disse anteriormente, sabendo que não é perfeito, temos a liberdade de gostar sem culpas. Já que o bordão é sem limites, você fica sempre naquela expectativa do que mais falta acontecer pra completar a lista dos bordões existentes no planeta. E isso também pode te fazer ficar surpreso, acredite se quiser. Eu me surpreendi muito até o final do mangá, muitas vezes terminando capítulos com um “owwn” ou com um “PQP$%#%¨$!!”.

Você vai sempre ficar em dúvida se ama ou se odeia a Sumi e o Souichirou, principalmente. Mas você também vai odiar os outros personagens, praticamente TODOS eles. No entanto, nem por isso eles deixarão de ser cativantes. Até os com menos importância na linha histórica podem chamar atenção de maneira bastante peculiar. Você também, é claro, vai odiar a mangaká por criar cenas muy calientes que não sejam lá tão bacanas em determinados pontos de vista mas que ainda assim sejam detestavelmente bem desenhadas. Você vai odiar como personagens tão bonitos possam ser tão canalhas. Como personagens que pareciam bonzinhos sejam vilões psicopatas. Ou o contrário.

Cavalheiro como um cavalo.
Cavalheiro como um cavalo.

Uma coisa bacana é a contextualização dos costumes ocidentais, que torna o mangá muito aprazível de ler e apreciar – as artes que variam dos tradicionais trajes japoneses para vestidos ingleses cheios de pompa e babados são lindas. O traço da mangaká em geral é muito lindo mesmo.

"Eu sou a mulher que Souichirou comprou."
“Eu sou a mulher que Souichirou comprou.”

A customização das capas é sempre fofinha também:

Algumas das capas em que Sumi é desenhada de maneira hiper fofa ~
Algumas das capas em que Sumi é desenhada de maneira hiper fofa ~

Vi, faz muito tempo, uma pessoa comentando na internet que o tema do mangá “…explora um teminha muito batido (e totalmente “funcionável”), onde o príncipe resgata a bela mocinha pobre de seu destino miserável. Obviamente a tal mocinha é o padrão da bondade, altruísmo e afeto, enquanto o príncipe é o típico pobre menino rico, que (mesmo sendo o Sr. Perfeito) nunca teve carinho e blá blá blá.” Eu concordo com essa pessoa em número e grau, embora na época fosse uma fã-girl maluca que quase virou hater da pobre coitada. Senti o mesmo que ela quando comentou também: “No início eu comecei pensando no quão ridículo era o enredo. Achei o argumento fraco, tudo previsível, muito clichê e óbvio. Aí depois eu me confundi, trocando minha opinião de quem eu achava que era o bom e quem eu achava que era o ruim… Aí, como sou muito fraca e suscetível, sucumbi.” Haha <3

Quando lançado, o volume 2 da edição do mangá era o número 10 na lista de mangás mais vendidos do New York Times. O terceiro e quarto volumes foram classificadas em 8º lugar na mesma lista em sua primeira semana de lançamento. A recepção em geral do mangá foi bastante positiva, o que quer dizer que existem muitos outros malucos por aí como eu que também adoram essa novela mexicana. Então, se você gosta de novelas bem dramáticas, cheias de pessoas gananciosas e loucas; com viradas surpreendentes e paixões desenfreadas, Hadashi será uma diversão certa. Mas não espere a novela perfeita, saiba que será aquela novela meio bosta que você adora e que não consegue parar de assistir.

Caso queira se arriscar, pode encontrá-lo para leitura online neste site ou baixar aqui.

Eu gostaria de conversar por horas com quem se aventurar em Hadashi, que é um dos meus mangás favoritos, mas prefiro evitar os spoilers e deixar as surpresas pra vocês, haha. No entanto, fiquem à vontade para virem aqui me xingar pela indicação e tudo mais. <3

Deixarei aqui algumas das capas pra vocês admirarem melhor o traço!

Bjokas da Liao Ç;

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