Sim, nem mesmo o ator mais perfeito do mundo a interpretar Aquaman está livre dos críticos de internet…
Durante suas férias em Veneza, o ator teve a audácia de respirar em público como qualquer pessoa normal e os críticos de internet começaram a atacar a sua aparência por conta de uma foto em que ele não está com o abdômen absolutamente definido como no filme Aquaman. Nós vivemos em um mundo em que constantemente, nossos heróis estão sem camisa, mostrando seus músculos e ninguém está reclamando disso. Mas isso também não significa que possamos ofendê-los quando seus corpos forem diferentes daquilo que estamos acostumados a ver nas telinhas.
Manter uma barriga “trincada” durante toda a sua vida é algo pouco realista, e a forma como esse tema ressurgiu por conta de uma foto em que o ator não estava “tão sarado” quanto em seu último filme demostra claramente como o conceito de “corpos atraentes” nessas mídias é problemático. Pode até ser legal ostentar um “tanquinho”, mas não se matar para manter essa imagem também não é problema nenhum.
Não tem nada de errado achar bonito um abdômen definido, mas existe uma grande diferença entre isso e agir como se qualquer imperfeição seja motivo para assédio. Além disso, a expressão mais utilizada pelas pessoas também é péssima. “Dad bod” é apenas mais uma prova do tratamento desigual recebido por homens ou mulheres, porque a imperfeição em corpos femininos recebe adjetivos imensamente mais agressivos. Se você não é alta e magra, você não é nada, em termos de padrões culturais de beleza. E ainda assim, mesmo com um termo relativamente amigável como “00” (corpo de pai), as pessoas estão criticando o peso de alguém pelo simples fato de não se adequar aos padrões de filmes de Hollywood.
Na imagem que gerou as críticas ainda podemos perceber que ele continua sendo um cara totalmente em forma. Então é ridículo que alguém possa ser criticado como se fosse algo que “pertence” aos fãs e que deve se adequar exatamente ao que eles querem.
Isso também abre a discussão sobre como sexualizamos as pessoas com a forma que lidamos com seus corpos. Afirmar que ele tem um “corpo de pai” ou perguntar onde foi parar o Photoshop é algo horrível de se fazer, além de uma falta de educação sem tamanho.
Por fim, mesmo que algumas pessoas possam estar utilizando a expressão de uma “forma positiva”, ainda se trata de algo extremamente injusto, especialmente quando confrontado com a forma como as mulheres são incentivadas a sentir culpa sobre seus corpos, como se qualquer característica desse tipo fosse aceitável em homens, mas indesejada em mulheres.
Deixem as pessoas viverem as suas vidas em paz, e se o corpo de alguém não atende aos seus “padrões”, isso é um problema exclusivamente seu.
Fonte: TheMarySue
Débora é musicista, professora de artes, pesquisadora de sociologia de gênero. Autoproclamada otaku-não-fedida e gamer casual. A alcunha de Liao veio de um site aleatório de geração de nomes japoneses (Liao é chinês, mas tudo bem).
