Porque ler HQ nunca é demais.

Sabe como as vezes você está só tentando dar um passeio antes da janta e subitamente todas aquelas bruxas enviaram seus capangas atrás de você só porque elas querem fazer de você o rei delas ou cortar a sua cabeça ou algo do tipo? É, isso é basicamente uma terça-feira qualquer se você é o Hellboy.

Criado por Mike Mignola no início dos anos 90, as desventuras sobrenaturais de Hellboy foram contadas em algumas dúzias de quadrinhos e alguns filmes. Os filmes de Guillermo del Toro são bons, apesar de serem bem peculiares (especialmente a parte do Exército Dourado), e não seguirem as histórias dos quadrinhos.

É claro que os quadrinhos e filmes são meios diferentes de mídia, e que um filme baseado em um quadrinho nunca será uma reprodução exata do material fonte. Mas ainda assim, deverá ser ao menos interessante descobrir o quão precisamente o novo filme de Neil Marshall adaptará a história da Rainha Sangrenta dos quadrinhos.

E por conta disso, resolvemos indicar algumas das histórias favoritas que podem preparar os leitores para a nova obra cinematográfica. (Todos esses volumes foram escritos por Mignola, com arte de Duncan Fegredo e cores por Dave Stewart).

1. Darkness Calls (O Chamado da Escuridão)

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Uma das melhores coisas sobre os livros de Hellboy é que a ordem de leitura é bastante flexível. Você pode começar pelo primeiro volume ou pular alguns, porque as histórias apresentam tantas décadas, locais, personagens e folclore que, de certa maneira, as datas cronológicas de publicação não são necessariamente indicativas da continuidade da história. A história da Rainha Sangrenta começa por volta do volume 8, O Chamado da Escuridão, e vocês podem pular direto pra lá sem medo, caso tenham uma mínima ideia sobre a origem do personagem (invocado do inferno pelo bruxo Rasputin a mando de uns nazistas, mas ensinado por um professor legal a se tornar um jovem homem-demônio que trabalha para o Departamento de Pesquisa e Defesa Sobrenatural).

A Rainha Sangrenta não faz uma aparição pessoal neste livro, mas ele começa a contar sua história. Basicamente, um monte de bruxas, fadas e criaturas místicas estão atrás de Hellboy. A principal antagonista deste volume é Baba Yaga, que entregou a Koshchei o Não-Morto a tarefa de trazer a cabeça de Hellboy (ela e Hellboy são inimigos antigos) em troca da liberdade de sua alma, para que ele possa finalmente morrer.

2. The Wild Hunt (A Caçada Selvagem)

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A Caçada Selvagem (volume 9) muda do folclore russo para a lenda Arthuriana e explica o porque da cabeça cortada de Hellboy ser tão importante para todo mundo. Não é nenhum spoiler dizer que nada de bom pode vir em deixar a Rainha Sangrenta solta pelo mundo. E no processo de descobrimento sobre como enfrentar essa ameaça, Hellboy aprende um pouco mais sobre quem é ela, assim como sobre sua própria origem, ambas marcadas por um destino mitológico com muito em jogo para a humanidade e similares.

Você aprende que muitas criaturas, entidades e pessoas nos livros de Hellboy de Mignola não são boas ou ruins, mas apenas elas mesmas. Elas têm um propósito e cumprem seu destino em vez de fazer escolhas. A tensão entre destino e escolha é o coração e alma de Hellboy como personagem, e possivelmente o coração e alma de suas histórias.

Cada batalha bombástica com um monstro paranormal acaba tendo o equilíbrio entre o bem e o mal em jogo, e em certo nível, é realmente o sacrifício de Hellboy em ter e exercer seu livre-arbítrio. É sempre uma liberdade conquistada com luta e uma batalha que ele deve lutar e lutar novamente, de várias formas. Isso é essencialmente a humanidade de Hellboy. E é por isso que conseguimos nos reconhecer nele, apesar de ser um enorme e sarcástico demônio vermelho.

3. The Right Hand of Doom (A mão direita da Destruição)

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Outra coisa que podemos nos reconhecer nele é em seu amor por panquecas. O volume 4, A Mão Direita da Destruição mostra um pouco sobre isso. Vocês acham que Mike Mignola teve a intenção de que uma piada de duas páginas tivesse tamanho impacto? Desculpe Mike, mas o bebê Hellboy comendo panquecas é simplesmente adorável. Mas falando mais sério, esse é um momento muito importante em termos da história de origem de Hellboy, porque é tudo que o torna humano em apenas duas páginas. As coisas profundas que acontecem a ele em sua trilogia e são discutidas neste texto são todas precedidas de panquecas.

4. The Storm and the Fury (A Tempestade e a Fúria)

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O volume final da trilogia é A Tempestade e a Fúria (Volume 12. Viu como a numeração pode ser ignorada?). Hellboy deve supostamente liderar um exército de cavaleiros mortos-vivos contra a bruxa Nimue (é o nome da Rainha Sangrenta). Então, sabe, nada importante. Se Baba Yaga tentando cortar sua cabeça é uma terça-feira para Hellboy, isso é basicamente uma quarta-feira. O negócio é que, às vezes essas batalhas épicas são metáforas para lutas próprias, mas as vezes, por falta de uma forma mais poética de dizer isso, elas apenas estão realmente acontecendo.

E apesar de a conclusão desta história parecer bastante definitiva, mesmo um fã casual de Hellboy pode entender que nada é tão simples assim.

5. Koshchei the Deathless (Koshchei, o não-morto)

Outra coisa que nem sempre é simples no mundo de Hellboy é a noção de que alguém que você está enfrentando nem sempre é necessariamente um inimigo. No volume de seis partes, Koshchei o Não-Morto, os dois personagens acabam se sentando para dividir uma bebida, enquanto Koshchei lembra sobre o tempo que passou a serviço de Baba Yaga. É uma ótima lembrança de que, apesar de a humanidade de Hellboy ser facilmente reconhecida, talvez nós devamos considerar que outros personagens fantásticos que ele encontra também tem alguma parte assim.


Texto traduzido do TheMarySue | Imagens: Dark Horse Comics

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