A HQ extrapolou em mais de 10 vezes as metas de financiamento coletivo do Catarse.
Pétalas, aos desavisados e pouco atenciosos, pode parecer uma obra voltada para o público infantil. A HQ narra a história de uma família, tradicional brasileira formada por duas raposas (pai e filho), cuja vida e rotina são transformadas pela chegada de um intrigante visitante durante um inverno rigoroso. Mas não se engane caro leitor, mesmo sem falas e com elementos fabulescos, distante das histórias de super-heróis, Pétalas possui uma narrativa visual contínua e bela, que vai dá um soco de realidade no seu estômago e um belíssimo exemplo de generosidade.
O roteiro e a arte são do talentoso Gustavo Borges (Edgar – em busca da energia dos ventos), e nas mãos de Cris Peter (Astronauta – Singularidade) as cores se tornam ainda mais extraordinárias. Com as habilidades unidas dos dois artistas, parece que cada quadro foi desenhado em um tempo perfeito e próprio. É tão fluído e vivo que às vezes parece um filme. Os personagens, mesmo não sendo humanos, conseguem trazer questões pessoais à tona, emanando mais humanidade do que qualquer homo sapiens consegue transformar em ato, e nos surpreende com gestos humanitários, que na sociedade em que vivemos, parecemos ter esquecido.
A falta de diálogos é apenas mais um elemento que enriquece a narrativa. Onde o não dito abre diversas outras possibilidades de interpretações à sua maneira. A ausência de palavras preenche o afeto e a ternura que vão além do ato de verbalizar, cada quadrinho possui a quantidade exata de sentimentos necessários para expressar-se, onde qualquer palavra utilizada seria um excesso. É exatamente nessa questão que a HQ se mostra precisa, não há demasia de silêncio ou barulho visual, tudo é tênue e cabível, cada pétala encaixada no seu cantinho. Há apenas um momento de leve confusão causada por esse recurso, contudo designando um pouco mais de atenção para a cena, é possível entende-la sem muitos problemas.
Os traços que dão vida à história são de uma elegância e refinamento raros e caros ao cenário atual das Histórias em Quadrinhos Nacionais. Tanto os personagens, quanto a ambientação são retratados de maneira críveis e naturais. Os desenhos são gentis aos olhos de quem se atenta a ler com os sentimentos e sensações. É inegável como as cores, texturas e efeitos de iluminação de Cris Peter engrandecem a obra final. A coloração pouco saturada, sóbria e fria, um mix de cores azuladas e em tons pastel de flango, que resultam em bastantes sombras brandas e pouca luminosidade, embora não escurecendo demais; convidam o leitor para se aproximar e sentir de modo eficiente às sensações transmitidas através do desenho, como: frio, melancolia, frescor, tristeza, alegria e etc.
Pétalas é uma obra sensível e pura que extrai tanto de sua arte quanto de sua ideia o melhor que o ser humano pode produzir. Os artistas ilustram delicadamente temas complexos como a morte e doenças, trabalhando de forma brilhante com o imaginário de todas as idades, transformando leitores em fãs e despertando dentro de nós uma pontinha de solidariedade e esperança.
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Recifense. Estudante universitária de Letras e Cinema. Apaixonada por literatura, cinema, seriado, viagens, games, rpg, quadrinhos, boardgames, animes, cardgames, podcasts, música e tecnologia. É a melhor mestre pokémon da rua. E nas horas vagas solta faíscas salvando o mundo na equipe secreta dos Power Rangers.