Antes satirizado e menosprezado pela sociedade, o e-Sport vem ganhando força e reconhecimento no Brasil. Não que já tenha chegado em sua condição perfeita, longe disso, mas pelo menos os investimentos das empresas de games em nosso país vem crescendo exponencialmente. E quem nunca sonhou em ganhar dinheiro com o seu jogo preferido? (dream job <3)
Como eu sou apenas uma expectadora (e torcedora), fui procurar quem realmente sabe falar sobre o assunto: profissionais e aspirantes a profissionais dessa área.
Nessa entrevista, eles falam sobre como eles veem o e-Sport no Brasil, como eles levam sua ~vida dupla~ (porque está difícil ganhar dinheiro só com isso) e dão dicas baseadas em suas experiências para aqueles que querem seguir esse caminho.

Os Entrevistados

Procurei pessoas que fazem coisas bem diferentes dentro do e-Sport, elas são:

Nagashi

andre sousaA.k.a: André Sousa
O que faz: Faz streams mostrando sua visão de jogo. Tem um projeto chamado “Do Noob ao Pro”, em que ele mostra que é possível subir do bronze ao diamante nas rankeadas de League of Legends.
Quantas horas de dedicação: Antes treinava 6 horas por dia, mas agora divide mais o tempo devido aos estudos.
Páginas em que posta conteúdo: www.facebook.com/nagashis2 e www.twitch.tv/nagashis2

Yuuki

deborahA.k.a: Débora Abrantes
O que faz: Streams de Dota 2, League of Legends e jogos de FPS (First Person Shooter) em geral. Ainda não jogou profissional, mas está querendo investir em uma equipe de LoL.
Quantas horas de dedicação: 3 a 4 horas por dia e o dia inteiro nos fins de semana.
Páginas em que posta conteúdo: https://www.facebook.com/YuukiiJung

Gruntar

dinizA.k.a: Diniz Albieri
O que faz: Narrador de campeonatos de League of Legends e Starcraft II (mas se diz cotoco na hora de jogar).
Quantas horas de dedicação: Em torno de 8 horas por dia. Se dedica inteiramente ao eSport.
Páginas em que posta conteúdo: http://www.twitch.tv/gruntartv, http://www.facebook.com/GruntarTV, http://www.youtube.com/gruntartv, https://twitter.com/GruntarTV

Jow

jowA.k.a:Jonathan Nascimento
O que faz: Capitão da equipe profissional de League of Legends Gang do DOP. Já participou de diversos campeonatos e ganhou vários também, inclusive o de abertura do servidor brasileiro da Riot jogando pela CNB.
Quantas horas de dedicação: 6 horas por dia.
Página em que posta conteúdo: www.facebook.com/jowlol

 

E-Sport x Brasil

E-Sport no Brasil ainda é fraco em relação a outros países, mas todos eles afirmam que está crescendo assustadoramente rápido de um ano para cá. Jow acredita que desse fim de ano até o meio do ano que vem, os investimentos em campeonatos aqui serão muito maiores do que já são. Ele conta ainda que o respeito para com os jogadores também aumentou: “Quando comecei a jogar há alguns anos, as pessoas riam de mim quando eu falava que era um jogador profissional de games, mas hoje está valorizado, todos os meus amigos acham muito legal“.

Nagashi mora no Maranhão, que, como vocês sabem, é bem longe de São Paulo, onde acontece a maior parte dos campeonatos. Em fevereiro de 2012, ele fazia parte de uma equipe profissional que foi selecionada para participar de um campeonato da Riot mas, naquela época, hás apenas pouco mais de 1 ano, a empresa não bancava para os participantes viajarem, diferente de hoje, que já existe esse investimento.

Dá para viver de e-sport?

e-sport 2Eles dizem que dá, mas ainda é para os raros. 90% dos jogadores profissionais ainda precisam se dedicar a outras profissões em suas vidas, são poucas as exceções que conseguem sobreviver apenas jogando. Mas, como eles disseram, as perspectivas são animadoras. É possível que em poucos anos esse número se transforme bastante.

Dos entrevistados, Gruntar é o único no momento que realmente dedica sua carreira completamente ao e-Sport. Como fãs de Star Craft II e League of Legends devem saber, ele já narrou diversos campeonatos importantes, entre eles o Intel Extreme Master. Ou seja, há esperanças para quem quer seguir esse caminho.

League of Legends: o maior incentivador do e-Sport no Brasil

e-sport league of legendsEles jogam (ou narram) outros jogos além de LoL, mas todos concordam em um ponto: o que a Riot está fazendo com League of Legends no Brasil (e no mundo) é espetacular. “LoL não cresce só LoL, cresce o e-sport em geral, porque da forma que a Riot invest no e-sport, ela obriga as outras a fazerem igual“, afirma Jow. A Blizzard, por exemplo, era super fraca no Brasil nesse quesito, mas agora tem corrido bem mais atrás de fazer campeonatos por aqui. A Valve também começou a investir horrores em Dota 2 para não ficar atrás de seu concorrente direto.

Yuuki e Gruntar ainda citam que o FPS também é muito importante: “Já teve uma época áurea no Brasil de e-sport na época do CS, mas não deixou legado. Retornou muito mais forte agora nos últimos meses. Quando a Intel Extreme Masters veio, foi uma coisa muito boa, porque o evento é grande, e quando veio ao Brasil, pontuou o país no mapa. LoL está puxando o bonde, mas vem outros nesse ritmo também“, diz Gruntar.

Mas Jow deixa claro: “Não existe um melhor jogo, todos os jogos vão se empurrando porque um quer ser melhor do que o outro“.

Apoio da família

Nagashi fala que é difícil, que o pai dele é dos que fala “você vai ficar nesse joguinho o dia inteiro?!”. Jow também diz que a família não apoia, mas que mesmo assim sempre vai ter aquele sonho dentro dele que não o deixa desistir. Já Yuuki fala que o pai até gosta, mas a mãe já chegou a falar que “ela é uma menina e que não deveria estar fazendo essas coisas”. Quando ela explicou certinho o que era, o que ela fazia, como são os campeonatos a mãe falou ‘é… dá para fazer, mas não larga a faculdade por isso‘.

Aliás… Como é ser mulher nesse meio?

mulherNão é fácil. Hoje em dia os meninos começaram a aceitar e o número de garotas que dão apoio aumentou muito. Então às vezes a gente ainda ouve besteira, mas é só ignorar. Melhorou uns 80% em relação a como era antes“, afirma Yuuki. “Já teve partidas de LoL que eu estava carregando na juggle, que é minha main lane, eu coloquei a mochila nas costas e carreguei o time. E quando veem pelo apelido que eu sou menina, eles falam ‘nossa, mas uma menina jogando tão bem assim?’. Eu fico triste por ver que as mulheres são subestimadas, mas por outro lado fico feliz por ajudar a mudar essa imagem“. Ela ainda diz que quando joga Battlefield ela evita ao máximo falar no microfone, senão o assédio é enorme.

Dicas para ser um jogador profissional

e-sport 1Essa parte é para você aí, que tem esse sonho dentro de você, mas que não sabe como começar ou o que é preciso para seguir essa carreira. Nossos amigos dão algumas dicas baseado em suas experiências:

Nagashi: “Competência e dedicação“. Ele diz que nada vai cair do céu, e que que realmente precisa de muito trabalho duro. Nagashi fala também que ser streamer é um bom caminho, já que você é visto e acaba conseguindo parcerias, investimentos, etc.

Jow: “Força de vontade. Você vai bater de cara, mas não pode parar. Se quer isso mesmo, faça alguma coisa, corre atrás de pessoas que te ajudem e treine“. Ele também diz ser importante gravar seus vídeos para postar em grupos que procuram jogadores, assim as pessoas podem ver o seu trabalho.

Gruntar: “Hoje o cara que quer começar do zero, que não conhece ninguém, tem que fazer solo queue, os jogadores profissionais estão aí e eles vão ver você jogando. Se você chamar atenção, eles vão falar com você“. Ele ainda dá dicas para quem quer ser um narrador como ele: “Para ser narrador, crie um canal no youtube e coloque conteúdo, qualquer conteúdo, pode ser jogo, o que você quiser. Porque quando surgir uma oportunidade, você pode mostrar aquele canal, acaba sendo seu portfólio. Ás vezes as pessoas vem pedir para narrar comigo e não tem nada para mostrar. Sem portfólio, não tenho como definir se deixo a pessoa narrar comigo ou não“. Ele dá o início da carreira dele como exemplo: “Queria fazer conteúdo em português de Star Craft II, porque não tinha nada. Então comecei a gravar e as pessoas começaram a gostar. Participei de um concurso de narração da Blizzard, não ganhei, mas me animou. Depois disso começou a rolar convites para narrar campeonato“.

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