Conhecer a luta e reconhecê-la em vários contextos é o que nos deixa mais fortes!

Ser mulher é um grande desafio de tantas formas que acaba sendo impossível mensurar. São tantos obstáculos inseridos em tantos contextos que é muito difícil discuti-los e explorá-los de uma só vez.

Por isso, montamos uma listinha de filmes e documentários feministas que abordam alguns dos aspectos enfrentados pela mulher em contextos diversos.

Confira:

Big Little Lies (2017)

(indicação da Flávia Gasi)

OK, estamos começando uma lista de filmes e documentários com uma série. Mas prometo que valerá.

Big Little Lies conta a história de três mães que viram amigas quando seus filhos começam a estudar juntos em Monterey, na Califórnia: Madeline, Celeste e Jane. Até lá, elas levavam a vida como se vê no instagram: perfeita, sem qualquer tipo de problema. Mas a história vai se desenrolando e começamos a ver as frustrações, problemas nos casamentos, e mentiras. Mentiras e mais mentiras (por isso o nome!). Depois de muito quebrar a cara, elas começam a se ajudar. E então, concluímos que a sororidade é a melhor arma para enfrentar a violência de gênero, com transparência e apoio!

Imagem da HBO
Imagem da HBO

She’s Beautiful When She’s Angry (2014)

(indicação da Jessica Reinaldo)

A tradução literal é Ela fica linda quando está com raiva. Pois é. Este documentário narra a história do movimento feminista dos EUA nas décadas de 60 e 70, revelando algumas divergências dentro do próprio movimento. A diversidade, inclusive, já está presente no próprio nome do documentário, afinal, dizer que uma mulher fica bonita quando está brava indica a associação constante da mulher com o ideal de beleza, e, ao mesmo tempo, usa a beleza como meio para se chegar à luta. O filme aborda as questões mais comuns, como as imposições sociais às tarefas das mulheres, o assédio sexual e o aborto. Achei bacana porque deu pra identificar algumas semelhanças com o movimento na fase em que se encontra atualmente no Brasil. Tem na Netflix!

Revolução em Dageham (2010)

A história do filme se passa em 1968, em Dagenham (avá) na Inglaterra. Se você acompanhava as aulas de história, vai lembrar da greve de 1968 na fábrica da Ford, uma das maiores empregadoras do Reino unido. A maioria dos empregados eram homens, havia somente 187 mulheres, que eram pagas abaixo do salário dos homens (alô 2018! Tá na hora de mudar!) e sob condições precárias. Insatisfeitas e sob a liderança de Rita O’Grady, elas iniciam a greve reivindicando melhores condições de trabalho e aumento dos salários. Só a título de curiosidade, o quadro da lousa que aparece na cena de abertura é o original, desde que a Escola de Eastbrook foi construída. A Rita é um personagem composto, criado para a reflexão do que se passou dentro do grupo. É um filme histórico, essencialmente, importantíssimo para a compreensão da luta contra a discriminação no ambiente de trabalho.

Acorda, Raimundo… acorda! (1990)

Já pensou como seria se os papéis se invertessem? Se as mulheres saíssem para o trabalho enquanto os homens cuidassem dos afazeres domésticos? (VINGANÇA MEUS AMORES!). Conheça, através deste curta metragem, a história de Marta e Raimundo, uma família operária recheada do elemento primordial do sofrimento feminino: o machismo! Tudo gira em torno da desigualdade de gênero e da violência contra a mulher (psicológica ou física), tudo de uma forma invertida. Raimundo enfrenta as situações cotidianas designadas pela sociedade às mulheres, como cozinhar, passar, cuidar dos filhos e, pasmem, submissão e dependência emocional e financeira.

A fonte das mulheres (2011)

Este filme pode ser analisado a partir de três perspectivas: a dos homens, a do Estado (juntamente com a religião) e a das mulheres (que é o que nos interessa aqui neste post). A história se passa em uma pequena vila, entre a parte norte da África e o Oriente Médio, onde as tradições do islamismo são impostas às pessoas. Dentro deste contexto, além das mulheres servirem tão somente para fazer filhos, existe uma regra que dá a elas a responsabilidade de buscar água. Só que não é ali, do lado. Estamos falando de África, de Oriente Médio. Isso significa: sem água. Enquanto elas vão super longe e em um local de difícil acesso, os homens fazem o quê? Bebem, conversam (porra nenhuma). Leila, uma das poucas jovens alfabetizadas, resolve que é preciso mudar a situação de maneira rápida e efetiva: cortando o sexo. SIM! Assim, eles assumiriam a tarefa. Essa decisão acaba provocando uma verdadeira guerra dentro do povoado. Vale muito a pena conferir!

As sufragistas (2015)

Estamos no século XX. As mulheres do Reino Unido ainda não possuem o direito de votar. Elas fizeram DIVERSAS manifestações e passeatas, todas pacíficas e… NADA. Um grupo de militantes decide, então, fazer a revolução mais ~baderneira~, quebrando vidros, explodindo caixas de correio, tudo para chamar a atenção dos políticos locais. Maud Watts, então, resolve, resolve cooperar, enfrentando grande pressão da polícia e até da própria família para voltar para a pacata vida de mulher, se subordinando aos homens. Apesar de tudo, ela decide que combater pela igualdade de direitos de todas as mulheres desta e da próxima geração é mais importante do que passar uma boa impressão para a sociedade que só a maltrata. É um filme muito inspirador. Tem na Netflix!

Imagem da Netflix
Imagem da Netflix

Cairo 678 (2011)

Esta obra é um grito de protesto das mulheres no Egito pré-revolução popular contra o assédio verbal, sexual e também contra o estupro. O tempo todo temos a certeza de que a prática disto não só é comum, mas também tolerada pelas autoridades e pela sociedade. Então, acompanharemos a história de três mulheres que sofrem com isso diariamente, não podendo se manifestar em relação a isso, seja por sua condição rebaixada, seja por ser considerada uma desonra…

Fazya é uma dona de casa, mãe de dois filhos, de origem humilde, que sofre assédio diariamente ao pegar o ônibus (particularmente me identifiquei algumas vezes). Enquanto isso, também acompanharemos a vida de Seba, uma designer RIKA que, em um triste dia, foi violentada durante um jogo de futebol. A partir deste dia, ela se dedica a ensinar defesa pessoal às mulheres. Ainda, conheceremos Nelly, a primeira egípcia da história a colocar a boca no trambone e apresentar uma queixa formal na justiça sobre assédio.

O que me fez gostar tanto dele foi a forma como foi filmado. A câmera tremendo, os ângulos: tudo sugere um grito de socorro. É simplesmente incrível. Mas já aviso: não vai rolar final feliz 🙁

25 de Julho: Feminismo Negro Contado em Primeira Pessoa (2013)

Se eu te disser 07 de setembro, você pensará na independência do país. Se eu te disser 23 de maio, você se lembrará da libertação dos escravos no Brasil (ou melhor, da assinatura da Lei Áurea, porque libertação não rola até hoje!). Se eu te disser 08 de março, vem à memória o dia internacional das mulheres. E se eu te disser 25 de julho? Pois é. Este documentário brasileiro, dirigido por Avelino Regicida, surgiu por conta desta data, tão importante dentro do contexto político social do feminismo negro.

Ok, eu sei que você está curiosx. Então vou só te dar um gostinho: 25 de julho é o Dia da Mulher Afro-Latina-Americana, que foi criado em 25 de julho de 1992 durante o Primeiro Encontro de Mulheres Afro-Latinas Americanas e Afro-Caribenhas, em Santo Domingo, na República Dominicana. É um documentário belísssimo que protagoniza as mulheres negras e todas as questões que as cercam.

Embrace (2016)

Por Liao

O filme fala a respeito de um problema vivenciado por inúmeras mulheres: o ódio ao próprio corpo. Nele, a australiana Taryn Brumfitt conversa com mulheres de vários países e analisa a indústria da moda e da beleza. A viagem de Taryn traz depoimentos de mulheres diversas, famosas ou não, especialistas, médicos, fotógrafos, editores de moda e muitos dados, um deles era que 91% das mulheres estão insatisfeitas com o próprio corpo, o que é algo alarmante e estarrecedor. Conforme vamos acompanhando os depoimentos, além de nos identificarmos com eles, também é possível refletir porque algumas pessoas conseguem levar uma vida plena e produtiva ainda que sua imagem esteja completamente fora do que é considerado convencional. Inclusive, o projeto global que hoje se chama Body Image Movement (Movimento da imagem corporal) se originou a partir desse documentário. Tem na Netflix!

Imagem da Netflix
Imagem da Netflix

The Mask You Live In (2015)

Por Liao

Da mesma diretora de “Miss Representation” (de quebra, fica aí de dica outro documentário maravilhoso sobre a falta de representação das mulheres em posições de poder), este documentário aborda como a ideia do macho dominante afeta psicologicamente crianças, jovens e, no futuro, adultos nos Estados Unidos – e passa a desconstruir essa ideia. Explica como criar uma geração de homens mais saudáveis e apresenta entrevistas com especialistas e acadêmicos relatando como, em atividades pedagógicas, percebem que garotos costumam revelar que escondem sentimentos como raiva e tristeza e até mesmo pensamentos suicidas por culpa das dificuldades de se encaixar e por não ter com quem desabafar. Tem na Netflix!

The True Cost (2015)

Por Liao

Mais do que apenas revelar o lado oculto e bizarro da indústria da moda, imagino ser também uma chamada importantíssima para nós, mulheres. Além de demonstrar os impactos ambientais e sociais provenientes do consumo desenfreado, chama a atenção para um fator: a indústria da moda é uma das maiores culpadas pelo padrão de beleza inatingível, que é propagado através de revistas e propagandas. Não é à toa que as mulheres acabam sendo as principais consumidoras dessa indústria e, muitas vezes como consequência, as maiores vítimas de transtornos alimentares. A busca pela roupa da moda e corpo perfeito tem levado milhões de mulheres ao adoecimento e até à morte. É fundamental saber as origens do que se consome, especialmente de empresas que estão em listas de condenação por trabalho escravo – também pensando que a maior parte das vítimas disso também são mulheres em situações de pobreza/extrema pobreza. Tem na Netflix!

Imagem da Netflix
Imagem da Netflix

Vessel (2003)

Por Liao

Este documentário conta a história de uma jovem médica chamado Rebecca Gomperts. Depois de perceber as consequências da lei anti-aborto em todo o mundo, ela se comprometeu a ajudar para fornecer abortos viajando em navios pelo oceano. As ações que ela assumiu foram reconhecidas como Women on Waves. Ela encontrou diversos obstáculos de organizações governamentais, bem como de outros grupos da sociedade civil. Mas ela estava determinada a fazer parte de um movimento global para a justiça reprodutiva. Mostra outro lado do assunto que não mais um documentário trágico, mas uma história de uma mulher forte e extremamente determinada a ajudar outras mulheres. Afinal de contas, como disse Simone de Beauvoir: “Querer ser livre é também querer livres os outros“. Tem na Netflix!

Anna e o Rei (1999)

Por Liao

Já adianto, é meu filme preferido, sou suspeita pra falar. É provavelmente um dos filmes com fotografia e enredo mais lindos que já assisti na vida. De qualquer forma, a sinopse geral do filme é que a inglesa Anna Leonowens (Jodie Foster), viúva e mãe de um garoto de 12 anos , que viaja até o Sião para ser professora de inglês de um príncipe e por seu modo de ser e agir acaba tendo de educar todos os 58 filhos do Rei Mongkut (Chow Yun-Fat). Anna é uma pessoa de temperamento forte, determinada, corajosa, extremamente teimosa que fala o que pensa e defende com garras o que acredita ser certo, independentemente de quem quer que esteja contra. Aos poucos, ela se envolve nos casos do Rei, como casos contra a escravidão, o plano de uma concubina de abdicar de sua posição real para lutar por seu verdadeiro amor e uma guerra orquestrada pela Inglaterra. Divergências, choque de culturas e até o início de um romance marcam o relacionamento entre Anna e o rei. Os exemplos de Anna ajudam direta e indiretamente a mudar o destino de toda uma nação e enaltece várias noções do feminismo.

Tomates Verdes Fritos (1991)

Por Liao

O que seria de uma lista de filmes feministas sem esse filme maravilhoso? É um filme muito simples sobre companheirismo, sororidade, lealdade e muito amor entre amigas. Tem uma abordagem interessante da valorização da mulher, sobre relacionamentos, patriarcado, violência, e, o melhor de tudo, mostra a autonomia das mulheres e o companheirismo, derrubando o mito da rivalidade feminina. Basicamente, a sinopse é: Evelyn é uma dona de casa infeliz, conhece Ninny, uma senhora idosa que mora numa casa de repouso, e fica encantada com as histórias que ela conta sobre Idgie Threadgoode, uma jovem da década de 1920, do Alabama. Inspirando-se na vida de Idgie, Evelyn aprende a ser mais assertiva e constrói uma forte amizade com Ninny. Esta relação proporciona ao espectador uma trama emocionante cheia de surpresas e segredos.

Kill Bill (2003/2004)

Por Liao

Quer mais feminista que isso?? Hahaha! Comicidades à parte, Kill Bill é provavelmente um dos pioneiros e com certeza um dos mais marcantes filmes de ação contendo uma mulher como protagonista. Em uma sinopse rápida, o filme trata, em dois volumes, da vingança de Beatrix Kiddo (interpretada por Uma Thurman) contra seus antigos parceiros do grupo Esquadrão Assassino de Víboras Mortais, que tentaram mata-la no dia do ensaio para o seu casamento. Beatrix fica quatro anos em coma e então decide ir atrás de um por um, com direito a cenas de muito (e quero dizer muito mesmo) sangue e lutas, mostrando tanto o passado da personagem enquanto assassina como a sua saga atrás dos ex-companheiros. O tema seria batido se fosse um homem como protagonista, mas tuuuudo muda com a Uma Thurman no papel! Por que? Re-pre-sen-ta-ção. Depois de tantas princesas a serem resgatadas, finalmente uma guerreira destemida, inabalável e imparável – derrotando sozinha 80 guerreiros, sendo que suas adversárias mais difíceis são todas mulheres – e ainda assim sendo uma mulher real, com sonhos de se casar, construir uma família e viver em paz. Tem na Netflix!

Imagem da Netflix
Imagem da Netflix

 

Le Tout Nouveau Testament (2015)

Por Liao

Quer um filme mais revolucionário que um que fale sobre como a filha de Deus é quem bota ordem nas coisas? O Novíssimo Testamento, título traduzido, aborda a seguinte temática: Deus está vivo, mora em Bruxelas e é um perfeito calhorda, agressivo, destemperado, espancador de crianças, – personificação bem grosseirona do Patriarcado e da Dominação Masculina –  que controla os humanos como bonecos em uma maquete, exclusivamente para sua diversão. Ele é casado com uma deusa extremamente submissa e pai de Ea, uma garota de dez anos. Cansada da natureza abusiva do pai, a menina invade o computador divino dele e envia para todos os habitantes do planeta as datas de suas respectivas mortes, ação que gera consequências inimagináveis. Ea então foge em busca de mais 6 apóstolos para juntar-se aos 12 de seu irmão (J.C. meixmo, queridos), começando uma jornada filosófica, engraçadíssima e super espirituosa. É uma sátira bem afiada!

*

Queria dizer que a lista da nossa equipe era IMENSA, então se fôssemos inserir todos os filmes e documentários aqui o post ia ter umas dez páginas… Porém não fiquem tristes: deixo aqui um link com mais filmes 😀

E aí, curtiram a nossa listinha girl power?

feminismo

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