Está chegando aquela época do ano de comemorações, troca de presentes, parentes chatos, parentes legais que você não vê faz tempo… Sim, está chegando o Natal! Uma das minhas datas preferidas do ano, com muita comida e muita festa!
Isso me faz pensar em como comemoro o Natal mesmo sem ser tão religiosa assim não sou nada religiosa, na verdade. Natal acaba sendo uma coisa tão comum para todos, com o Papai Noel vermelho da Coca-Cola, com os presentes, com as comidas, que acabamos esquecendo do que é realmente o significado dessa data: o nascimento de Jesus.
Calma, pessoal, eu não estou ficando louca e não vou ficar aqui falando do significado do Natal e tudo mais. Só queria criar uma linha de raciocínio para que vocês me acompanhassem nessa teoria, que é uma das coisas mais bizarras que a internet nos proporciona… A teoria de que Jesus era um zumbi! (A Babs já até falou sobre esse assunto aqui). E como a gente está em época de comemorar o nascimento de Jesus, esse pensamento de zumbi acaba ficando na minha mente e por isso decidi fazer um Especial Zumbi neste final de ano! Toda semana, até o natal, vou falar sobre uma série sobre zumbi!
Só um aviso importante antes de começar, eu NÃO vou falar sobre The Walking Dead, pois essa série já foi abordada algumas vezes aqui.
Foi muita viagem minha? Bom, de qualquer forma, agora que está tudo explicado, vamos ao que interessa!
IN THE FLESH
Muitos falam que In The Flesh é uma série sentimental, para gente fresca e que destrói o que é ser “zumbi de verdade“. Como se houvesse um zumbi de verdade, né? Estamos falando de algo completamente surreal aqui e, para mim, mesmo que a gente encarasse as características mais conhecidas dos zumbis como uma “verdade” a série continua boa. Ao meu ver, essas críticas vêm de pessoas que, muito provavelmente, só leram sobre a premissa da série, mas não se deram ao trabalho de assistir nem ao menos ao piloto, que por sinal que está impecável.
São pouquíssimas as séries que fazem com que eu pare tudo o que eu estou fazendo para assistir e somente assistir a ela. Normalmente mexo no celular, vejo email, facebook, tumblr, as vezes até estou trabalhando, quase nunca fico 100% voltada ao episódio. Na verdade, posso contar nas mãos as séries que fazem isso comigo.
Mas porque In The Flesh é tão boa assim? O que faz ela ser tão boa?
Bom, primeiro, vou contar um pouco sobre a série para quem nunca ouvi falar. A história começa com o jovem Kieren saindo da reabilitação e voltando para a casa, para ser reintegrado a sociedade. Parece um drama normal, mas Kieren sofre de Síndrome de Falecimento Parcial (ou PDS – Partially Deceased Syndrome). PDS não é mais nada do que um termo bonitinho para ZUMBI. Sim, Kieren é um “zumbi reabilitado“.
Se neste momento você tentar comparar essa história com aquele filme horrendo “Meu namorado é um zumbi”, por favor, não o faça. Me deixa acabar de explicar um pouco sobre a série, assista ao episódio piloto e só daí tire as suas conclusões. Esta série é realmente boa para que um preconceito tão bobo te faça não querer ver.
Voltando… Todas as pessoas que morreram em 2009 também “ressuscitaram” nesse mesmo ano. Ainda não se sabe o motivo, mas eles voltaram a vida, estilo zumbi clássico mesmo, comedor de cérebro, rastejando por aí, só morrendo com golpes na cabeça que destroem o cérebro e tudo mais. Porém, dois cientistas do governo britânico conseguem criar uma droga que, ao ser injetada no zumbi, faz com que o cérebro do mesmo crie novas ligações, fazendo com que ele saia desse estado “raivoso” e passe a ter o comportamento normal. Inclusive, ele volta a ter o mesmo comportamento que a pessoa tinha antes de ressuscitar.
Durante quatro anos, esses zumbis passaram por uma reabilitação. Fizeram terapia, aplicaram as drogas todos os dias, retomaram contato com os parentes, e estão prontos para voltar para casa. Até mesmo foi dado para cada um deles um kit de maquiagem e lentes de contato para que a aparência deles ficasse parecida com o que era antes.
Mas será que isso tudo é o suficiente? Será que a sociedade está preparada para receber eles?
Lógico que não!
Eles matavam e comiam gente, comeram familiares, comeram crianças, idosos. Eles causaram terror, e por mais que não seja culpa deles e que eles estavam em um estado completamente descontrolado, ainda eram eles. Mas acho que o pior é que se eles param de tomar a dose diária da droga que os cientistas criaram, eles voltam para aquele estado raivoso. Como confiar de novo nessas pessoas?
Bem, confiando ou não, o governo não quer mais saber de cuidar disso e manda todos de volta para casa, o que causa um tremendo mal-estar para muitos. Inclusive para Kieren, que morava em uma área mais rural, onde foi criado uma espécie de força civil contra os zumbis, já que na época do renascimento o governo não tinha recursos suficientes para proteger todas as áreas. Uma das principais “soldadas” dessa força é ninguém mais ninguém menos do que Jem, a irmã de Kieren.
Esse relacionamento entre os dois vai ficando mais interessante e complexo com o decorrer da série. Jem não quer ter em casa um “podre” (termo pejorativo usado na série para os PDS) e Kieren sofre ao pensar que Jem já matou muitos que são iguais a ele. Ao mesmo tempo, eles são irmãos e desde o piloto fica claro que são irmãos bem próximos.
Kieren ainda tem que lidar com os flashbacks que ele continua tendo de quando ele estava em seu estado raivoso. Você consegue imaginar como seria se você ficasse se lembrando de matar e comer uma pessoa? Pensar que um dia você foi capaz de fazer algo assim? Também não conseguir se reconhecer no espelho, com sua carne levemente apodrecida. Afinal, em um dia Kieren estava morto, mas no outro ele acorda de um “transe”, descobre que fez coisas terríveis e agora tem que conviver com isso. Isso e com o fato de que muitos vivos ainda o caçam.
Os sofredores da Síndrome de Falecimento Parcial são segregados de uma maneira que faz lembrar muito como a nossa sociedade atual trata as minorias. Isso é uma das coisas que mais gosto de ver nas séries britânicas, como eles conseguem, dentro do contexto da história, colocar temas que são sempre pertinentes a nossa sociedade atual.
Além de toda a complexidade da história, quem gosta de ação não vai se decepcionar com a série. In The Flesh continua tendo caça, continua tendo o “zumbi de verdade” seja lá o que isso possa significar e continua dando sustos e te deixando tenso. Pode não ser uma série SÓ disso, mas também não deixa de ter isso.
In The Flesh é boa pois é atual, é diferente do que estamos acostumados a ver, é uma nova abordagem e é incrivelmente bem feita. O roteiro está muito bem amarrado e cada episódio te responde a perguntas, mas te deixa com outras dúvidas na cabeça. A série te faz pensar e criar teorias e faz com que você se apaixone por todos os personagens.
Não há vilões, não há heróis. Cada um fez o que foi necessário para sobreviver e agora tem que viver com essas escolhas.
A série é a BBC Three, mas aqui no Brasil passa no canal I.Sat. A primeira temporada teve apenas 3 episódios e a segunda tem 6 episódios. Ainda não sabemos se terá uma terceira temporada ou não. Estou torcendo muito para que tenha, pois o último episódio deixou muita coisa no ar, que precisa de resposta.
http://www.youtube.com/watch?v=3uAJklDka_U
Mais perto dos 30, do que dos 20. Superviciada em séries, a ponto de abandonar a música para ficar escutando o áudio de séries enquanto trabalha. Dona de uma coleção de bonecos. Tem duas cachorras – uma ceguinha e uma cresceu um pouco mais do que o esperado. Por sinal, gosta mais de cachorro do que de muita gente por aí e muitas vezes é considerada mal humorada. É uma das fundadoras do Studio Ni, um estúdio de animação e live action e também tem uma marca de acessórios chamada Miniminou com a irmã.
