Qual lado você escolheria? Polícia ou justiceiro? Ordem ou anarquia?

O mangá Prophecy (ou Yokokuhan, em japonês) conta uma história em três volumes, é escrita e desenhada por Tsutsui Tetsuya, e foi publicada originalmente na revista Jump Kai, da Shueisha. No Brasil, o mangá chegou pela editora JBC, confira aqui. Além disso, a trama possui uma sequência, ilustrada por Fumio Obata, e futuramente um filme live action, cuja estréia está programada para 6 de junho deste ano.

Enredo

A história de Prophecy gira em torno da disputa entre uma divisão da polícia japonesa, criada especialmente para combater crimes cibernéticos, e um criminoso conhecido como “Jornal”, que cria vídeos com profecias, prevendo crimes que ele irá executar. Todos esses crimes são retaliações contra pessoas ou organizações que tenham feito algum mal, o que pode variar desde erros de grandes empresas até comentários de pessoas aleatórias na internet. Em outras palavras, o Jornal age de forma a fazer justiça com as próprias mãos. Enquanto o criminoso atua dessa forma, temos também o lado da chefe da divisão anti crimes cibernéticos, Yoshino, uma jovem que cujo objetivo principal se torna parar as ações do justiceiro.

Já aviso aqui que é difícil dizer qual dos dois lados deve ser considerado o “principal”, uma vez que a história é contada mostrando a visão de ambos e deixando a escolha a cargo do leitor. Porém, temos personagens principais sim, sendo a Yoshino um destes.

Yoshino vs Jornal
Yoshino vs Jornal

Pontos fortes

O que me atraiu primeiramente ao mangá, foi a capa diferente da maioria que vemos por aí, com um estilo de arte mais voltado para o seinen, e pela camiseta dele, admito. Comprei o mangá sem muitas expectativas, mas o que encontrei quando li me surpreendeu bastante, tanto pelo enredo, quanto pela arte e pelas questões morais que a história nos traz.

O enredo aborda temas bem atuais, indagando o limite do uso da internet e de redes sociais, utilizando atitudes que não são tão incomuns de serem encontradas. Logo na primeira cena, é questionada a distribuição de conteúdo piratas, que, na minha humilde opinião, deve sim ter limite (aproveita o assunto e dá uma conferida nesse post lindo <3). Além disso, ele questiona até que ponto podemos chegar com nossas atitudes e palavras quando lidamos com outras pessoas na internet, mostrando algo muito comum no nosso cotidiano – os famosos haters, trolls e valentões da internet, que emitem textos, muitas vezes de cunho agressivo, sem considerar as consequências de seus atos. A história também nos mostra quão facilmente os usuários mudam de opinião, sendo que uma minoria pode rapidamente virar maioria.

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Capa do primeiro volume

Outra coisa que achei muito bacana foi como nesta história não há apenas um lado correto ou um personagem principal (como já mencionei anteriormente). O autor nos mostra os dois lados da moeda e a razão pelas atitudes de cada um. Ele cria personagens “reais”, com motivos o concretos para o que fazem, mas mesmo assim, ele deixa o julgamento para cada leitor, não omitindo uma opinião sólida sobre qual lado deveria ser seguido. O fato da história não possuir um “vilão” ou “herói” absoluto contribuiu muito para o realismo da trama.

Também gostei muito da arte, ela se encaixou muito bem com o enredo do mangá, utilizando um maior realismo em seu estilo, através de traços firmes e proporções mais próximas do mundo real. Além disso a densidade da arte proporciona mais seriedade à história, principalmente nos momentos chave da trama. Para construir um clima mais pesado, o autor utiliza muito bem luzes, sombras e ângulos diferentes.

Lembrando que terá live action!
Lembrando que terá live action!

Eu devo dizer que esse foi um dos grandes acertos da JBC, Prophecy é uma história que vou levar comigo sempre!Eu realmente aconselho a leitura à todos, principalmente por tratar de assuntos que vemos muito hoje, porém de maneira pesada, mostrando as consequências que o ato de uma pessoa pode trazer.

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