Quando você pensa em vampiros, que imagem vem a mente?
Seres que brilham no sol?
Seres sanguinários que sequer conseguem raciocinar tamanha fome?
Seres que vivem escondidos nós e que, eventualmente, pode ter um amigo humano?
Seres que disputam a mesma garota-humana com o irmão?
O livro Flores Mortais foi lançado neste ano, durante a Bienal do Livro de São Paulo, pela editora Giz Editorial. Nunca fui muito fã de enredos sobre vampiros, mas quando Giulia Moon me explicou que seu foco seria em vampiras fiquei bem mais interessada e curiosa para ler.
Flores Mortais é uma coletânea de contos, o que pode ser bom e ruim. Bom porque você tem em mãos várias histórias para aproveitar e ruim porque se você se apega a uma (e eu gostei muitíssimo logo da primeira) e fica querendo mais, não vai ter HUE. O livro traz 13 contos de Giulia Moon, alguns inéditos e outros repaginados, pinçados da produção de 2000 a 2014 da autora, distribuídos em 7 capítulos, nos quais cada capítulo é dedicado a uma vampira, a flor mortal da vez.
As personagens principais são sempre bem marcantes, as vampiras são fortes e ~sensuais~, com personalidade forte – o que é interessante de observar: há aquelas que lutam contra o mínimo sinal de afeto que ainda sentem por humanos e aquelas que possuem a carência de mantê-los por perto.
A noite se transformara numa inacreditável sucessão de horrores para os cinco infelizes. Em meio ao silêncio da madrugada, ouvia-se o ruído do sugar e das lambidas da pavorosa dama, que os atacava, um a um. Por fim, ela chegou à última das suas presas, o calouro tímido, que se mantivera afastado dos demais, abrigado nas sombras do pórtico da igreja.
(Trecho de A dama oriental e o Inesperado Luar)
Um dos pontos curiosos que descobri no livro é que um dos capítulos é um crossover (quando dois ou mais personagens, cenários ou acontecimentos são compartilhados por séries diferentes)! Na obra, o conto A exótica dama oriental e o inesperado Luar apresentam os personagens Kaori, da Giulia, e Luar, de Kizzy Ysatis.
Outra coisa legal é que cada história é apresentada com uma ilustração (da própria Giulia), todas muito boas, e, às vezes, com um trecho de música ou poema. Esses elementos deram uma identidade especial ao livro.
As vampiras são: Rose Mistral, a roqueira; Senhorita Íris, a mecenas de artistas imortais; a Santa dos Meninos de Rua; Maya, a socialite vamp; Agnes, a dama-morcega; Negra Luzia, a mercenária; e, finalmente, Kaori, a garota de programa japonesa, imoral e imortal,
A autora
Giulia Moon é escritora, ilustradora e editora. Já foi diretora de criação e sócia de agência de propaganda, tendo no seu currículo a criação dos personagens Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre. Com várias coletâneas de contos publicadas desde 2003, só em 2009 Giulia lançou o seu primeiro romance, Kaori: Perfume de Vampira, pela Giz Editorial, onde narra a história de uma bela vampira japonesa desde o seu início como menina pobre e indefesa no Japão feudal, até as aventuras picantes e perigosas como uma “vampira de programa” na movimentada São Paulo contemporânea.
Em 2011, dando prosseguimento à série, Giulia lançou Kaori 2: Coração de Vampira. E, em 2012, publicou o spin off Kaori e o Samurai Sem Braço, o seu terceiro livro com a personagem. Agora, em 2014, lança uma nova coletânea, voltando às suas raízes de contista.
Vale a pena?
Como disse, a história me chamou atenção por focar em personagens femininas e fazer delas o destaque: elas são o ponto forte e quem dita as regras em cada conto. Gosto disso porque foge da ideia de dependência que vejo em outros enredos. Eu não tenho tanta afinidade com o tema de vampiros, apesar de ter gostado, não me envolvi com todos os contos. Os meus favoritos foram Rock’n Rose, A Santa dos Meninos de Rua e Maya (alguns capítulos ainda mais). A narrativa das histórias são fluídas, dá para imaginar diversas cenas e sentir a tensão algumas vezes. Então, se você é fã de vampiros e/ou sente falta de novos pontos de vista, Flores Mortais é uma boa pedida!
Mais sobre o livro no blog pessoal da autora.
Jornalista recém formada, blogueira de raiz, escritora de faz de conta e boa leitora. Considera pecado dizer não a um chocolate e a uma compra de livros. Gosta da cultura latina e tem uma parede de cartões-postais.
