Melinda quase não fala, alguns a consideram como muda, outros a acham estranha, outros não sabem dizer nada.

Lançado em 1999 e publicado no Brasil pela Editora Valentina em 2003, o livro conta a história de Melinda, uma adolescente que, em determinado momento, passa a ser ignorada por seus amigos e a ficar excluída dos grupos da escola por ter chamado a polícia para “destruir” uma festinha de seus veteranos. As únicas vezes nas quais alguém fala com ela é para lembrá-la do quão insignificante e estraga prazeres ela é – além de, claro, diversos outros insultos e deboches.

Em suas aulas de artes Melinda encontra algum apoio, uma motivação para finalmente reagir e enfrentar alguns demônios.

Antes daquela festa, ela era uma garota normal. Ria, tinha amigas e também suas paixões. Mas ninguém quer saber o que aconteceu. Suas amigas e até mesmo seus pais não se preocupam em saber o motivo pela sua mudança repentina de comportamento ou o motivo pelo qual passou a ser tão… calada. Nem ela mesma consegue entender totalmente. É em uma reportagem na TV que Melinda descobre o que aconteceu com ela.

“Chegou a hora de enfrentar uns demônios. Sol demais depois de um inverno rigosoro afeta sua cabeça de um jeito estranho, faz com que você se sinta forte, mesmo quando não é”. (p.204)

A introdução de “Fale!” é um apelo. Intitulado “Escute!“, mostra trechos de diversos e-mails que a autora respondeu sobre adolescentes que foram violentadas em algum momento da vida e a realidade não é diferente do que mostram as estatísticas: a maior parte dos casos, por conhecidos (amigos ou parentes).

Já o final do livro apresenta dados estatísticos sobre a violência sexual nos EUA e no Brasil, além de modos para denúncias. Também tem uma entrevista ótima com a autora, tanto sobre o processo de produção do livro quanto do filme, O Silêncio de Melinda.

“Fale!” não é só um chick lit para passar o tempo. Ele faz ver mais daquilo que acontece todos os dias e certamente irá prender sua atenção.

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