Livro reúne perfis de 15 mulheres que mudaram a história

Você conhece Hedy Lamarr, a inventora do wi-fi? E Mae Jemison, a primeira astronauta negra a ir ao espaço? Ou a cantora Betty Davis, pioneira do funk?  E a jornalista e inventora Nellie Bly, que há 130 anos deu a volta ao mundo em apenas 72 dias? Estas e outras mulheres incríveis integram o segundo volume da A graphic novel Ousadas – Mulheres que só fazem o que querem 2 é escrita e ilustrada pela quadrinista francesa Pénélope Bagieu, chega ao Brasil em março pela Editora Nemo (Grupo Autêntica).

HQ Ousadas 2- capa - Editora Nemo - Divulgação

A publicação traça o perfil de mais 15 mulheres que, em diferentes países, enfrentaram barreiras culturais, machismo e violência, entre muitos outros obstáculos, para reescrever as próprias histórias e, com isso, acabaram transformando o mundo.

Em Ousadas – Mulheres que só fazem o que querem 2, a autora apresenta a trajetória da atriz austríaca Hedy Lamarr, que fugiu de um casamento opressor para seguir carreira em Hollywood e, posteriormente, se tornar uma grande inventora. Ela criou, juntamente com o compositor George Antheil, um sistema de comunicações que, além de ter sido usado pelas Forças Armadas dos Estados Unidos, serviu como base para a atual telefonia celular e para o desenvolvimento do wi-fi. Sua história pode virar minissérie, com Gal Gadot como personagem principal.HQ Ousadas - Mulheres que só fazem o que querem 2 - Editora Nemo - página 153 - Reprodução

Outra mulher fantástica retratada no livro é Mae Jemison, engenheira química, médica e primeira astronauta negra a integrar uma viagem espacial, a bordo do ônibus espacial Endeavour, em 1992. Até se candidatar e ser aceita na Nasa, Mae exerceu a medicina em lugares de bastante pobreza na África. Sua inspiradora trajetória rendeu um convite de participação em um dos episódios da série Star Trek.

Nellie Bly, precursora do jornalismo investigativo, também alcançou um feito extraordinário: deu a volta ao mundo em 72 dias e estabeleceu um novo recorde mundial, superando o personagem de Júlio Verne, Phileas Fogg. Essa viagem completa 130 anos em 2020 e foi um sucesso estrondoso, levando a jornalista posteriormente a cobrir a Primeira Guerra Mundial sob a perspectiva dos soldados.HQ Ousadas - Mulheres que só fazem o que querem 2 - Editora Nemo - página 52 - ReproduçãoNa área musical, Betty Davis, modelo, cantora e compositora, também tem sua história contada. Responsável por composições autorais ousadas, que chocaram o mundo na década de 1960, foi ela quem apresentou Jimi Hendrix a Miles Davis, seu marido na época, o que influenciou a trajetória musical dele, fazendo-o migrar do jazz para o rock. Reclusa há mais de 35 anos, Betty abandonou a carreira por se sentir incompreendida após três álbuns lançados, tendo recusado convites de Eric Clapton e Prince. Ela rompeu o isolamento em 2016, quando se tornou protagonista do documentário Betty Davis: They Say I’m Different, do cineasta britânico Phil Cox.

The Shaggs, banda criada por um pai autoritário e formada por três irmãs, que, apesar da dedicação exclusiva à música, entrou para a história dividindo opiniões: alguns as consideravam autoras do pior álbum do mundo, enquanto outros, como Kurt Cobain, assumiam ter sido influenciados pelo estilo totalmente intuitivo das garotas.HQ Ousadas - Mulheres que só fazem o que querem 2 - Editora Nemo - página 17 - ReproduçãoE rapper afegã Sonita Alizadeh, que quase se casou aos nove anos, mas acabou conseguindo realizar seu sonho de cantar rap ao fugir para os Estados Unidos. Sonita é uma das integrantes e defensoras do movimento Girls, Not Brides!, que luta pelo fim do casamento infantil em todo o mundo.

A HQ Ousadas – Mulheres que só fazem o que querem 2 apresenta ainda o perfil de Temple Grandin, que desenvolveu processos para amenizar o sofrimento de animais criados para abate e que se transformaram em um selo de qualidade internacional; da atleta Cheryl Bridges, recordista mundial e norte-americana em maratonas de longa distância nas décadas de 1960 e 1970; da ativista feminista francesa Thérèse Clerc; da indiana Phoolan Devi, conhecida como a rainha dos bandidos; da vulcanologista francesa Katia Krafft; da advogada Jesselyn Radack, conhecida pela defesa de nomes como Edward Snowden e Thomas Drake; da ativista do direito das mulheres Naziq al-Abid, conhecida como “Joana d’Arc dos árabes”; Frances Glessner Lee, a “mãe da ciência forense”; e de Peggy Guggenheim, uma das colecionadoras e mecenas de maior destaque no século XX.HQ Ousadas - Mulheres que só fazem o que querem 2 - Editora Nemo - página 69 - Reprodução

A série já vendeu mais de 200 mil exemplares apenas na França e foi traduzida para 17 idiomas. A TV France prepara, para março de 2020, uma série que exibirá, numa versão em animação, a história das 30 mulheres retratadas nos dois volumes.

A AUTORA

Pénélope Bagieu nasceu em Paris, em 1982. Estudou cinema de animação na EnsAD e fez uma passagem pela Central Saint Martins de Londres. De volta a Paris, cria em 2007 o Ma Vie est Tout à Fait Fascinante, um blog ilustrado no qual expõe sua vida cotidiana com um humor e uma graça que acertam em cheio. Com a publicação do blog em forma de livro, seu sucesso se expande para as livrarias. Hoje, Pénélope faz sucesso por todo o mundo com diversas publicações, entre elas a graphic novel Uma Morte Horrível, publicada no Brasil pela Nemo em 2016. Pénélope venceu, em 2019, o Prêmio Eisner, um dos mais importantes do mundo na área de histórias em quadrinhos.

Imagens: Editora Nemo

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