Com certeza você já ouviu falar do filme Crianças Lobo, uma animação que trata de (adivinhem) duas crianças meio humanas e meio lobos. Pois é, esse é o nome em português de uma animação japonesa bastante conhecida cujo nome original é Ookami Kodomo no Ame to Yuki (Ame e Yuki, as crianças-lobo). “Tá Paula, esse filme é o que? Só o dia-a-dia de duas crianças que na verdade são meio lobas?” Também, o enredo de Ame to Yuki (vamos chamá-lo assim) é muito mais complexo que este simples conceito. Entendam o porquê:

A estreia mundial de Ame to Yuki aconteceu no dia 25 de Junho de 2012, em Paris, tendo sido lançado nos cinemas em 21 de Julho de 2012, no Japão. “Ué, mas por que Paris se o filme é japonês?” Bom, aí eu já não sei, mas tenho como provar que ele é japonês. O diretor responsável é o popular Mamoru Hosoda, conhecido por outros trabalhos belíssimos como Summer Wars e Toki wo Kakeru Shoujo (A garota que conquistou o tempo, em breve review). No filme Ame to Yuki, Hosoda optou pelo Studio Chizu, em parceria com a Madhouse (Death Note, BTOOOM!) e o designer de personagens ficou com Yoshiyuki Sadamoto (Evangelion). E claro, com toda uma equipe dessas, era óbvio que o filme não seria qualquer produção.

Um amor quase impossível…

Nossa protagonista é uma jovem universitária chamada Hana, que certo dia, em meio a uma aula, reparou a figura de um rapaz que pareceu lhe atrair. Hana viu que mesmo o rapaz não tendo material, ele parecia mais interessado que qualquer outra pessoa na aula e isso chamou a sua atenção. Ao fim da aula, ela tentou lhe emprestar o material, quando o homem a destratou por engano. Seu nome era Ookami, um garoto alto, esguio e meio desleixado. Apesar disso, Hana não se deixou abater e não desistiu de tentar ajudá-lo no que fosse. E após trancos e barrancos, conversas corriqueiras e passeios quaisquer, nasce um grande amor entre eles.

Com o início de um namoro, Hana e Ookami resolvem viverem juntos e desse relacionamento nasce duas crianças, meio humanas e meio lobos, a mais velha Yuki (neve, pois nasceu em um dia de nevasca) e o caçula Ame (chuva, nascido em um dia chuvoso). Pouco após o nascimento de Ame, temos um dos acontecimentos mais simples e maldosos do enredo, a morte estúpida de Ookami. E é aí, que a verdadeira história de Ookami Kodomo no Ame to Yuki se inicia.

As mensagens de Ame to Yuki

A verdadeira história do filme é mostrar como o dia-a-dia de Hana vai se tornando cada vez mais complicado à medida que as crianças vão crescendo, afinal de contas, elas são meio lobas, e agora Hana não conta mais com a ajuda do marido, que poderia ensiná-la a melhor forma de se criar as crianças híbridas. Como um mundo feito por seres humanos iria aceitar uma anomalia dessas? As dificuldades de Hana chegam a ser tocantes em momentos como, por exemplo, quando ela tem de escolher entre levar um filho doente ao pediatra ou ao veterinário.

Não podemos esquecer o fato de além de meio lobas, elas SÃO crianças! Precisam de espaço e convívio, para crescerem saudáveis e trilharem seus próprios caminhos. É então que Hana resolve se mudar para o interior, o mais afastado possível de outras pessoas, para que as crianças, especialmente Yuki, uma menina hiperativa, possam viver na sua verdadeira forma meio loba sem que ninguém percebesse a natureza delas.

Mas o enredo ainda é repleto de surpresas. Mesmo Hana querendo se afastar o máximo possível das outras pessoas, aos poucos com a aproximação dos vizinhos da região (que a auxiliam na melhor maneira de viver no campo), ela vai percebendo que é quase impossível viver sem a companhia de outras pessoas, que no fim sempre iremos precisar de alguém para nos ajudar.

Mais do que isso, Ame to Yuki tenta ilustrar a vida das duas crianças e as suas vontades. Inicialmente Yuki é a mais hiperativa, do tipo que corre para todo o canto e caça todo tipo de animal, no melhor estilo “instinto selvagem”, enquanto Ame é mais tranquilo e chega até a desejar não ser ou agir como o lobo, já que eles são sempre retratados como malignos nos livros. Mas o passar dos anos vai mudando as vontades de ambos, Yuki deseja ser como as outras crianças e frequentar a escola, enquanto Ame se encanta com um lobo do trabalho de sua mãe e a partir desse fato, sua concepção sobre esse mundo selvagem vai mudando totalmente, ou seja, entre Yuki e Ame ocorre uma total troca de papeis, de uma maneira fluída e pura, quando Hosoda retratou da forma mais suave possível a passagem do tempo e as mudanças de interesses dos dois.

Vale a pena?

Pra mim foi uma surpresa assistir a esse filme. Ele emociona você de uma forma única, é como se ele preparasse o terreno na sua cabeça, e quando chega o ápice da história, você se debulha em lágrimas ao ponto de encharcar toda a sua roupa. Eu poderia contar o momento mais emocionante de Ookami Kodomo no Ame to Yuki, mas a minha intenção é apenas indicar um filme da forma que vocês sintam vontade de ver. E este vale muito a pena, chegando até a ser comparado com as obras de Miyazaki, não que Miyazaki fosse o maior gênio de todos os tempos em relação a filmes de animação, mas todos sabemos que suas obras, com a simplicidade e a ternura com que elas são feitas, nos emocionam muito. E Ookami Kodomo no Ame to Yuki é assim, um enredo simples, terno, de aquecer o coração que nos envolve do começo ao fim, e quando termina, fica apenas a sensação de que talvez um pouquinho mais não faria mal a ninguém, como se quiséssemos entrar na história e fazer parte da vida daquelas personagens…

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Paula

Apaixonada por rpgs, doces, gatos e cultura asiática em geral. Futura maior detetive do mundo ~L não tem nada a ver~. Sonha com o dia em que vai poder gastar fortunas em figures-action. No mais, a leonina gorda que nunca dorme.