Confira a primeira parte da entrevista exclusiva do quadrinista, ilustrador, cineasta e músico inglês para o Garotas Geeks!

Reconhecido principalmente pelo sucesso da série “Sandman”, Dave McKean desembarcou em Belo Horizonte onde participa da 10a edição do FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos, até 03 de junho. Parceiro criativo de Neil Gaiman, o quadrinista segue para o Rio de Janeiro para lançar “Black Dog: os sonhos de Paul Nash”, da Darkside Books.Dave McKean Divulgação fiq 2018

Durante sua passagem por Belo Horizonte, Dave McKean recebeu fãs e admiradores para sessões de autógrafos e participou de um bate-papo sobre a sua carreira com mediação de um dos curadores do FIQ, Daniel Werneck.Dave McKean - Foto Luciana d'Anunciação

Em entrevista exclusiva para o Garotas Geeks, Dave McKean falou sobre o cenário dos quadrinhos nos Anos 80, a popularidade que as HQs alcançaram hoje em dia e a indústria dos quadrinhos da atualidade.

Juntamente com outros artistas que vieram da Inglaterra nos anos 80, você ajudou a mudar o mundo dos quadrinhos nos EUA, especialmente o gênero super-herói. Depois de tantos anos, você daria ao seu filho mais novo algum conselho sobre essa aventura?
Difícil. Não me arrependo, embora tenha decidido passar apenas dois anos fazendo dois livros para DC e depois passar para outras coisas. Para ser honesto, eu provavelmente deveria ter começado a escrever e desenhar minhas próprias histórias sem gênero, mas esse trabalho inicial, especialmente Arkham, me deu um grande impulso no mundo dos quadrinhos, e também atraiu propostas de trabalhos dos mundos da música e do cinema.

E olhando a popularidade que a cultura dos quadrinhos alcançou nesses dias, qual a sua sensação de fazer parte desse processo? Você poderia imaginar que isso cresceria tanto?
Foi o timing perfeito. Em todas as áreas criativas, há momentos de ouro em tempos incertos, quando, como uma nova voz, você pode oferecer uma nova direção e alcançar um novo público. Nós tivemos a energia e arrogância da juventude, e fomos capazes de traçar um caminho longe do trabalho obsoleto e repetitivo, nostálgico do início dos anos 80, em direção a histórias que se inspiraram em literatura, cinema e em peças teatrais. Foi um momento em que os lunáticos assumiram o asilo. Mas esses momentos sempre desaparecem, e as empresas envolvem o modelo que você faz e, em seguida, o replica – então você segue em frente.dave-mckean-Divulgação-fiq-2018Você vê isso como algo positivo ou compartilha um pouco com Alan Moore a visão negativa sobre a atual indústria dos quadrinhos?
Eu acho que o mundo dos quadrinhos mainstream é tão tedioso como sempre, e a influência contínua de histórias infantis de fantasia, poder e super-heróis é ainda mais deprimente do que costumava ser, como eles agora estão destruindo a indústria cinematográfica também.

Mas a atenção dada ao meio como um todo permitiu que toda uma nova geração de vozes de todo o mundo florescessem e criasse histórias originais poderosas em um meio que não é sobrecarregado com orçamentos de produção e expectativas do público. Acho que os quadrinhos estão passando por uma verdadeira era de ouro, mas a vanguarda não está na Marvel e na DC, é com os independentes, os editores de livros reunindo listas de graphic novels e o mundo dos quadrinhos da internet.

Fique ligado na gente e acompanhe mais notícias, entrevistas e outras coisas bacanas que rolaram na 10a edição do FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos, que reuniu mais de 500 artistas nacionais e internacionais na capital mineira.

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