O artista inglês que veio ao Brasil para o lançamento da HQ Black Dog, participou da 10a edição do FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos
Quando o FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos divulgou que Dave McKean havia sido confirmado como um dos convidados internacionais da 10a edição do evento, causou um rebuliço. A galera que, assim como eu, tem Sandman como uma das mais importantes publicações da história das HQs, mau podia conter a euforia da possibilidade de ver de perto, ouvir e ter um autógrafo de um dos artistas que influenciaram a minha geração. Depois da série escrita por Neil Gaiman e que teve Dave McKean como capista, aprendi a ver ler quadrihos de outra forma, com olhos mais adultos e críticos, mas sem perder a fantasia e o sonho. Na segunda parte dessa entrevista excluvida de Dave McKean para o Garotas Geeks, o artista fala sobre o processo de criação das capas de Sandman e seu trabalho mais recente, “Black Dog – Os Sonhos de Paul Nash”, recém-lançado no Brasil pela DarkSide Books.
Como foi o processo quando você produziu as capas para trabalhos de Neil Gaiman, como Sandman? Ele compartilhava com você o roteiro? Ou apenas uma ideia geral sobre o tema? Já teve algum trabalho que você só queria dizer “Hey Neil, eu queria ser o responsável por toda a ilustração, não apenas a capa!”
Eu fiquei feliz em fazer as capas, eles se tornaram um diário para mim por mais de sete anos, rastreando meus interesses e experimentos com colagem, fotografia, ilustrações e digital. Quando começamos, eu pude ler todo o roteiro, no final, acabei por receber uma ou duas linhas de descrição.Você fez arte para álbuns e até mesmo para uma revista em quadrinhos dos Rolling Stones. Você também dirigiu um filme. As outras formas de arte influenciam o seu trabalho?
Todas elas influenciam umas as outras e conversam entre si. Muito que aprendi trabalhando com atores e fotógrafos, agora coloco em meus quadrinhos. Eu amo música e sempre escrevo para a música, tentando encontrar a atmosfera certa para definir minhas histórias. E isso significa que nunca fico entediado. Eu posso desenhar por um tempo e quando começar a ficar velho, posso trabalhar em um filme, ou alguma música, ou escrever algo.Você está lançando o Black Dog, que é sobre o trabalho de Paul Nash. Ele é famoso por suas paisagens e obras na 1a Guerra Mundial, mas também ilustrou livros e era conhecido pela qualidade surreal e abstrata de suas pinturas. Como o trabalho de Nash teve impacto no seu trabalho? Para Black Dog, como foi a experiência de criar ilustrações sobre outro ilustrador? Como foi fazer um novo trabalho baseado em uma obra de arte anterior?
Eu conhecia o trabalho de Nash desde a infância, mas eu realmente não estudei suas pinturas e desenhos até começar a trabalhar no livro. Eu apenas tinha em mente que ele era o artista mais interessante da Primeira Guerra Mundial, e voltou do front com um trabalho mais poderosamente simbólico. Eu senti uma grande ligação com Nash, nossos planos de fundo são semelhantes, crescemos muito perto um do outro, e eu conhecia os locais das paisagens que ele pintou muito bem. Após a guerra, ele se mudou para a área que eu moro agora no costa sudeste da Inglaterra. Reconheci a ansiedade que ele tinha pela depressão da mãe e relacionei-me com seu desejo de expressar o mundo real através das lentes do sonho. Não tive problemas em criar ilustrações inspiradas em seu trabalho e em sua maneira de ver o mundo. Eu li sua autobiografia e muitas obras biográficas, assim como os livros publicados com suas cartas , então senti que tinha uma forte noção de seu tom de voz e de como sua mente funcionava.
Acompanhe aqui com as Garotas Geeks mais notícias, entrevistas e outras coisas bacanas que rolaram na 10a edição do FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos, que reuniu mais de 500 artistas nacionais e internacionais em Belo Horizonte.
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