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Crusader Kings 3 é um grande jogo em sandbox que promete deixar você assumir o papel de todo tipo de governante medieval, e apesar de a história enfatizar as conquistas de homens heterossexuais, aparentemente a Paradox começou a olhar para isso de outra forma.

CK3 é um jogo verdadeiramente diverso; ele gera um mapa do tamanho de quase meio mundo e quase seis séculos de história”, afirmou a última entrada no diário dos desenvolvedores. “Esse mundo é habitado por uma miríade de títulos, culturas, fés e personagens. Tem sido a nossa meta representar todas essas coisas com um grande nível de detalhes e precisão, para garantir a todos vocês uma experiência profundamente imersiva com mais elementos dinâmicos e escolhas para o jogador do que nunca.

“Precisão” costuma ser um termo usado para justificar a falta de representatividade e violência contra grupos marginalizados em jogos.

Mesmo em The Witcher 3, a escolha de “embranquecer” os personagens foi defendida como “precisão histórica”, ainda que se trate de um jogo de fantasia que não seria preciso nem se tentasse. Mas, por sorte, essa precisão não será uma desculpa para limitar o jogo, e sim uma ferramenta que permitirá mais diversidade e opções aos jogadores.

Já de cara, por exemplo, você poderá jogar com qualquer cultura ou crença. Apesar de Crusader Kings 2 ter adicionado o Islã e locais como a Índia em DLC, tudo isso estará disponível já no lançamento de CK3. E ainda que algumas dessas culturas e crenças possa limitar os jogadores por suas características – como algumas crenças que têm problemas com mulheres – o sistema agora será dinâmico, permitindo que você faça mudanças e remova essas restrições como governante.

O jogo não é sobre repetir a história, mas sim criar a sua própria, e então a Paradox também incluiu algumas regras que balançarão algumas limitações históricas. Você pode escolher jogar como uma rainha, em vez de um rei, por exemplo, e a regra de igualdade de gênero remove boa parte das restrições e cobra mais regiões do que no jogo anterior. Você pode inclusive transformar o mundo em um matriarcado desde o início.

E mesmo jogando com as regras padrão, você ainda verá mulheres influenciando a história do mundo. Rainhas governaram na ausência de reis, e a Paradox criou um novo papel para as esposas, dando a elas uma posição especial na corte, em que comandarão boa parte do reino.

Crusader Kings 2 havia também limitado a sexualidade dos personagens a heterossexuais e homossexuais, mas a sequência adicionará a possibilidade de personagens bissexuais e assexuais. Dessa vez, isso também não será representado pelas características, de forma que a heterossexualidade deixará de ser o “padrão”. E ainda que o jogo não trate sexualidade e atração romântica como fatores diferentes, a identidade sexual e o comportamento sexual serão tratados de forma independente. Por exemplo, se você faz parte de uma crença com regras rígidas sobre relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo, ser gay não será ilegal, ainda que o ato possa ser. Mexendo nas regras do jogo, você também poderá alterar as visões de todas as crenças sobre o assunto, tornando relacionamentos de todos os tipos aceitáveis em todo o mundo.

Além disso, os jogadores poderão alterar a dominação por sexualidade, assim como é possível fazer com gêneros, para que possam, por exemplo, começar um jogo em que a assexualidade é o padrão. Além de ser mais diverso e inclusivo, o jogo traz um ar fresco para o gênero de simulação. Afinal, quem não adoraria saber como o mundo medieval avançaria sob a liderança de um matriarcado; ou como seria um mundo majoritariamente populado por pessoas assexuais.

E esse é o objetivo do jogo: ver como a história poderia ter sido diferente.

Ele parece ser bastante promissor, especialmente pensando que todas essas mudanças já estão sendo implantadas em seu desenvolvimento, e não em DLCs futuros. O jogo tem previsão de lançamento para esse ano, e estamos ansiosas para ver o resultado das mudanças.


Fonte: PCGamer

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