Confira nossa crítica com spoilers do filme do maior vilão do Batman!

Como não poderia deixar de ser com o maior avatar do caos de toda a história dos quadrinhos, o filme do Coringa está causando polêmica e dividindo o mundo, e os fãs da sétima arte, entre aqueles que amaram e detestaram o longa. Mesmo aqui em casa não houve unanimidade.

Bem, eu gostei muito do filme, achei que funcionou muito bem como uma interessante história de origem. E prepare-se porque daqui pra frente este texto terá vários SPOILERS, pois não dá pra comentar este longa dirigido e co-roteirizado por Todd Phillips sem dar detalhes importantes da narrativa.joker poster - crédito Warner Bros. Pictures

O personagem/protagonista/dono da p*rra toda
Coringa é uma grande, enorme, gigantesca passarela para todo o talento de Joaquin Phoenix. O ator porto-riquenho que já era bastante conhecido por sua versatilidade e tinha grande responsabilidade de levar para a telona um personagem que já foi brilhantemente interpretado por Jack Nicholson, Heath Ledger e nem tanto por Jared Leto.Joaquin Phoenix em Coringa - crédito Warner Bros. Pictures

Arthur Fleck, chamado carinhosamente pela mãe de Feliz, é um cara esquisitão e portador de doença mental, que já o levou a ser internado num hospital psiquiátrico. Ele também tem um estranho distúrbio que o faz ter incontroláveis ataques de riso quando está nervoso.Joaquin Phoenix em Coringa3 Joaquin Phoenix em Coringa10 - crédito Warner Bros. Pictures

Ele vive em situação de quase miséria com a mãe, Penny Fleck, em uma Gothan City, nos anos 1980, repleta de lixo, doenças e  violência. Penny, que tem saúde física e psicológica instável, envia constantemente cartas para seu ex-patrão Thomas Wayne e aguarda sem sucesso por resposta.

Arthur vive uma vida extremamente infeliz, que tenta levar adiante com auxílio de remédios, terapia oferecida pelo serviço de assistência social e muitos, muitos cigarros. Ele trabalha como palhaço (carregando placas na rua e animando enfermaria com crianças enfermas) e é alvo de chacotas de seus colegas e de agressões por variados tipos de valentões.Joaquin Phoenix em Coringa10 - crédito Warner Bros. Pictures

O cara é doido, infeliz, sem amigos e o que você faz? Dá uma arma pra ele, claro! O que começou como uma armadilha de um colega de trabalho, culminou numa série de assassinatos, seguido de revolta popular, um crime ao vivo na TV e a criação de um símbolo. Ou de um avatar do caos.

Em Coringa, Joaquin Phoenix leva o filme em suas costas (muito) magras. Ele é, ao mesmo tempo, protagonista e condutor da narrativa. Praticamente, a única coisa que existe nesse longa. E sua interpretação é impressionante, misturando ao mesmo tempo loucura, fragilidade e violência. Sua expressividade e magreza causam no público pena, aflição e, depois de um tempo, medo. E, por incrível que pareça, até mesmo algumas risadas. O ator definitivamente criou uma versão memorável do Coringa.Joaquin Phoenix em Coringa9- crédito Warner Bros. Pictures

Direção e roteiro
Tirando o Joaquin Phoenix, a gente encontra a parte não tão boa do filme. A direção parece, em diversos momentos, ser um pouco perdida ou um tanto forçada. Quase se como somente o ator soubesse onde iria chegar. Algumas escolhas da direção parecem torcer para que o público compre a ideia como a investigação policial, a antipatia da população por Thomas Wayne e a entrevista no programa de TV.Robert De Niro e Joaquin Phoenix - crédito Warner Bros. Pictures

Já a participação de Robert De Niro, que no papel do apresentador de TV Murray Franklin, está fantástica (como sempre) e funciona como elemento autorreferente. Todd Phillips faz referência, na direta com a presença de De Niro, a filmes como Taxi Driver e Rei da Comédia. Não precisa conhecer esses longas, mas pode ajudar (ou prejudicar) sua percepção do filme.

Pensando no roteiro, o relacionamento (ilusório?) com a vizinha parece um elemento meio deslocado, não muito necessário e que enfraquece um pouco a narrativa, apesar de eu gostar de ver Zazie Beetz na telona em um filme que preste. Afinal, se o cara já é doido e está armado, qual é necessidade de uma (des)ilusão amorosa?Joaquin Phoenix e Zazie Beetz em Coringa - crédito Warner Bros. Pictures

Afinal, vale a pena?
Sim, Coringa é um grande filme, basicamente pela incrível interpretação de Joaquin Phoenix, o cara doido que ri quando está nervoso, que dança quando está feliz e que percebeu que numa sociedade doente, o que lhe resta é abraçar a loucura e cometer todos os atos que sempre quis fazer, independente das consequências.Joaquin Phoenix em Coringa5 - crédito Warner Bros. Pictures

Você vai gostar mais desse longa se entendê-lo com uma versão, um ponto de vista, uma possível versão do Coringa. Um Coringa e não O Coringa. Mas não tente encaixá-lo no universo do Batman, de nenhum dos filmes ou HQs, pois não vai funcionar. Ele seria derrotado sem esforço pelo morcegão. Não teria a menor chance.

Esse filme do Coringa está sendo acusado de incitar a violência. Possivelmente por pessoas que não viram os filmes de Quentin Tarantino, de Martin Scorsese, de Chad Stahelski ou algumas séries da Netflix. Tem coisa bem mais interessante para reparar neste longa, como por exemplo, de que forma a sociedade lida com pessoas portadoras de doenças mentais.Joaquin Phoenix em Coringa2 - - crédito Warner Bros. Pictures

Então abra seu coração, e sua mente, e fique impactada essa versão do Coringa do Joaquin Phoenix.

*Assisti à pré-estreia do Coringa em Belo Horizonte à convite da Casa dos Quadrinhos.

 

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