O hilário, estranho e maravilhoso mundo de Undertale <3

UNDERTALE é um RPG eletrônico desenvolvido para plataforma de PC pelo compositor musical e desenvolvedor independente de jogos Toby Fox, com algumas artworks adicionais das artistas Temmie Chang e Magnolia Porter. O jogo foi liberado em setembro de 2015 e desde então não parou de receber inúmeras críticas positivas de sites especializados (Destructoid – 10/10; Giant Bomb – 5/5; The Jimquisition – 10/10;  Rock, Paper, Shotgun – Recomendado) e um monte de admiradores pelo mundo inteiro. As pessoas não apenas gostaram de Undertale, elas amaram! E inclusive pra mim, falar sobre Undertale virou algo para se fazer com um certo carinho. Principalmente por ser um diferencial, até certo ponto, no mundo dos RPGs, uma vez que o jogador que controla o personagem principal não precisa machucar ninguém no jogo, a não ser que realmente queira.

Veja abaixo o trailer:

O jogo surgiu a partir de uma iniciativa de crowfunding no Kickstarter e a parte interessante sobre isso é que a premissa do jogo parecia tão bacana que no mesmo dia em que a iniciativa foi lançada no site, conseguiu alcançar toda a arrecadação necessária para completar o projeto.

O próprio Toby Fox descreve em poucas e ótimas palavras o que você pode esperar do jogo:

Bem vindo a UNDERTALE. Neste RPG, você controla um humano que caiu no subterrâneo onde existe um mundo de monstros.  Agora você precisa encontrar seu caminho de volta para casa… Ou ficar preso para sempre.

O que você vai encontrar no jogo:

• Matar não é necessário: negocie seu caminho para longe do caminho com um sistema único de batalha.
• Sincronize seus ataques para causar dano extra, e então desvie dos ataques inimigos num estilo que lembra jogos clássicos de top-down shooters.
• Arte e trilha sonora originais cheias de personalidade.
• História comovente e rica em personagens com ênfase no humor.
• Criado na maior parte por apenas uma pessoa.
• Torne-se amigo de todos os chefões!
• Tem pelo menos cinco tipos de cachorros.
• Você pode namorar um esqueleto.
• Hmmm… Ou seriam seis cachorros…?
• Talvez você não queira namorar um esqueleto.
• Eu acho que encontrei um sétimo cachorro, mas na verdade era o terceiro cachorro.
• Se você jogar esse jogo, você pode contar os cachorros para mim? … Eu não sou muito bom nisso.

Agora, como Undertale deixou de ser um jogo underground totalmente desconhecido para figurar no topo da lista de vendas da Steam e um dos jogos com melhores avaliações do ano no metacritic? (Ps.: Segundo o site, Undertale é o 5º mais bem avaliado jogo do ano! Ele foi inclusive indicado para várias premiações, entre elas a de melhor jogo e melhor RPG do ano, sendo superado apenas por The Witcher 3). Começando a explicar pela minha própria experiência, eu e meu namorado (jogamos juntos) conhecemos Undertale através do canal do jacksepticeye (segundo algumas críticas, o 4º youtuber mais famoso da lista de Let’s Play Youtube). Então, dessa forma, o jogo foi tomando bastante espaço no mercado, porque assim como o Jack, vários outros youtubers se sentíram atraídos pela premissa do jogo e também gravaram vídeos mostrando suas perspectivas durante o enredo. Logo, um monte de gamers ao redor do mundo se apaixonaram por Undertale e a internet foi inundada de fanarts, gifs, vimeos, animações, jogos oriundos do original e muito mais.

História e personagens

Undertale é, principalmente, um jogo sobre escolhas. Mas também um jogo sobre solidão, sobre viver em comunidade, sobre reflexões de determinadas ações e suas respectivas consequências. Ele se inicia contando sobre o passado, no qual monstros e humanos co-existiam no planeta. Após uma guerra, os monstros foram derrotados e selados embaixo de uma montanha.

O jogo então volta para o presente e passa a focar a história em uma criança que caiu dentro da montanha onde os monstros agora vivem. Essa criança é o seu personagem e suas ações construirão a história a partir deste ponto.

Undertale é recheado de piadas, puzzles, referências e eastereggs, contando com mais de dez finais alternativos, sendo três as possíveis rotas de jogo: pacifista, neutra e genocida – o que é bem difícil de explicar em detalhes sem soltar spoilers cruciais do jogo. Mas o importante aqui é destacar que para você entender por completo a história do mundo de Undertale, você precisa jogar ao menos duas dessas rotas. Minha dica é: Siga o seu coração 8D E não, você não necessariamente precisa zerar o jogo duas vezes para fazer duas rotas. O autor criou um sistema inteligente de reconhecimento de save points e isso permite excluir várias quests durante o jogo – e inclusive isso é uma das coisas mais bacanas dele: O Toby Fox brinca com seus save points em determinados pontos do jogo, tanto para simplesmente fazer piadinhas como para te tirar do sério de vez em quando e te fazer raciocinar um pouquinho mais sobre como solucionar o problema em questão. Principalmente porque o que gera os save points é algo inato do seu personagem: a sua determinação.

Além disso, os personagens, criaturas e NPCs, são todos muito bem desenhados e animados, além de recheados de personalidades e características tão únicas que fazem com que o jogador se afeiçoe mais a eles, aumentando a imersão no universo do jogo. Toriel (um trocadilho para Tutorial {go toToriel}, já que ela é a personagem que te ensina o básico do jogo), os irmãos esqueleto Sans e PAPYRUS, (sim, as fontes mais odiadas da internet viraram os personagens mais carismáticos e amados no jogo), o Annoying Dog (o alter-ego do criador de Undertale) e a louca e adorável monstrinha Temmie (alter ego de Chang) são ótimos exemplos de personagens que você vai adorar conhecer.

Jogabilidade

A primeira coisa a se comentar sobre a jogabilidade de Undertale é que não existem níveis de dificuldade no jogo, mas dependendo da forma como você age durante a narrativa, os personagens reagirão de volta de forma diferenciada, inclusive durante algumas batalhas. O sistema de combate é bastante original e consiste num menu de quatro opções básicas: lutar, agir, itens ou poupar.

Ao atacar o inimigo, você terá de acertar o tempo dos ataques para causar maior dano, porém, como já explicado anteriormente, você não necessariamente precisa lutar. Daí a opção agir, que dá diversas alternativas de interação com o monstro, interações estas que podem tanto causar efeitos no combate ou torná-lo seu amigo e enfim te abrir a possibilidade de poupá-lo, fugindo da batalha ou demonstrando misericórdia e não batalhando mais. Você pode, por exemplo, conversar, elogiar ou abraçar um monstrinho ao invés de lutar e matar. Os combates se dão sempre em turnos, sendo que ao decorrer do jogo, mais monstros podem ser inseridos dentro deles.

As lutas são diferentes para cada monstro, então você tem que usar a sua criatividade e ter um teco de sorte para se sair bem, dependendo da rota que decidir traçar.

Os controles do jogo se resumem em três teclas alfabéticas (como z, x ou c) e nas teclas direcionais (setas). Muitas dicas de lutas são mostradas durante a narrativa do jogo, conversando com personagens ou resolvendo puzzles. A própria batalha te ensina algumas técnicas para resolver o quebra-cabeça de cada luta. Os encontros com monstros são aleatórios e muitos deles são hilários e outros chegam a ser comoventes. A ideia é te fazer perceber que os monstros de Undertale são criaturas muito próximas do que a gente caracteriza como “humanidade” e que muitos deles podem até se tornar aliados, se você permitir.

Arte

A arte do jogo é toda em estilo retrô, que lembra jogos de 8-bits. A ambientação em geral é bem simples, mas de alguma forma sempre cativante e fofinha.

Os personagens do jogo foram criados e desenvolvidos não só pelo Toby, pela Temmie e pela Magnolia, como também por fãs colaboradores do kickstarter, o que é uma coisa muito bacana já que você pode encontrar NPCs no jogo que os fãs criaram. Você pode encontrar personagens baseados até em outros artistas, como foi o caso da artista Omocat. O Toby inclusive utilizou artes dos fãs para criar as cartas da Steam :3

Trilha Sonora

A trilha sonora pode ser comprada junto com o jogo e se você fizer isso, consegue até um descontinho. O bacana dela é saber que ela foi única e totalmente composta pelo Toby Fox, sendo uma das partes do jogo que mais trabalham momentos de humor, diversão, tensão e enfim, que trazem mais identificação ao ambiente do  jogo, além de ser super bem trabalhada e super gostosinha de ouvir. São todas bem curtinhas, sendo que nem todas aparecem no jogo, dependendo da rota que você toma. Pra quem quiser experimentar a sensação do jogo:

Conclusão

É um jogo MUST PLAY <3 Claro, como qualquer jogo, tem seus prós e contras. O jogo foi perceptivelmente feito com muito carinho, recheado de segredos e personagens carismáticos, além de ser muito bem trabalhado no humor. Os puzzles são bem bacanas, embora em sua maioria sejam até bem fáceis de resolver. As batalhas vão gradualmente se tornando mais complicadas e o jogo requer paciência para explorar bem o mapa e resolver uma coisinha aqui e acolá antes de seguir adiante, mas principalmente para vencer um boss (muita gente achou entediante lutar com um ou outro boss em específico). Vários bugs foram corrigidos pela mais recente atualização, para alívio de quem está pra começar agora. E claro, a parte mais divertida é que você pode ter finais únicos, dependendo somente das escolhas que você toma durante o jogo.

Enfim, vale muito a pena! Pra quem gosta de jogos indie estilo retrô com boa música, rico em história e com bastante humor, Undertale é uma ótima pedida!

C;

Débora Liao

Débora é musicista, professora de artes, pesquisadora de sociologia de gênero. Autoproclamada otaku-não-fedida e gamer casual. A alcunha de Liao veio de um site aleatório de geração de nomes japoneses (Liao é chinês, mas tudo bem).