Quer saber se vale ou não a pena assistir? Chega junto para saber do que se trata!
A Netflix inaugurou a primeira minissérie de drama de época brasileira que mistura a história de quatro mulheres ao ritmo do samba, jazz e bossa nova com uma nostálgica fotografia da cidade carioca dos anos 50.
Qual é a história de Coisa Mais Linda?
Malu ao telefone: Eu acho que a gente não deve misturar as coisas.
Roberto na linha: Se tem uma coisa que carioca faz bem, Malu, é misturar as coisas.
Uma das conversas entre Maria Luiza (Maria Casadevall) e Roberto (Gustavo Machado) em “Coisa Mais Linda” parece definir em poucas palavras para o quê a minissérie veio: misturar tudo. Tanto que é o que ela usa em um dos seus discursos sobre seu clube de música.
Já tô com meu banquinho, um violão, e o controle remoto, pronta pra começar mais uma maratona. Coisa Mais Linda já está disponível. pic.twitter.com/hupM9CG7ni
— Netflix Brasil (@NetflixBrasil) 22 de março de 2019
Apesar da embalagem pronta para se exportar como cenas marcantes do Rio que parecem fora da realidade (bom, não conheci o Rio dos anos 1950…. Pode ser que esteja de acordo) e The Girl From Ipanema na abertura em vez da versão brasileira, engana-se quem acredita que a minissérie contará o surgimento do gênero musical.
A música é apenas o ritmo para narrar a busca de identidade de quatro personagens com seus dramas e violências que parecem ser de época, mas são muito atuais.
Sem respostas ou soluções, a produção levanta questões e retratos dignos de reflexão em seus apenas sete episódios. E você não leu errado essa última parte. A minissérie é curtinha e dá para maratonar numa boa.
Bora valorizar as produções brasileiras? Confira o trailer!
Quem são as mulheres de Coisa Mais Linda?
Quer mais tempero para se entrosar na história dessas quatro protagonistas antes de dar o play? Então continue lendo um resumo sobre quem são as três mulheres retratadas na minissérie.
Maria Luiza, uma paulistana no Rio:
Apesar de a produção anunciar que se trata de quatro protagonistas, para mim, um dos pontos negativos da minissérie é que evidentemente há muito mais destaque para a história de, antes em São Paulo, Maria Luiza que é chamada de Malu ao chegar no Rio, lugar onde ela assume sua nova personalidade forte e independente.
Entendo que é ela quem entrelaça as outras narrativas, só que o mundo privilegiado de Malu faz com que ela seja a personagem com fraca identificação, pelo menos para mim. Talvez fosse mais interessante se a minissérie tivesse abordado uma camada com a vida suburbana no Rio, com uma protagonista de classe média em vez de uma releitura da série A Maravilhosa Sra. Maisel da Amazon.
A semelhança é tanta que até o trailer começa com Malu ao microfone, relatando seus dramas e tentando ser engraçada como Midge. Assim como sua contemporânea nova-iorquina, Malu é uma socialite com todos os estereótipos: vinda de família rica, pais tradicionais e que foi abandonada pelo marido que tinha uma amante, deixando para trás casa, planos e filhos. A diferença é que Midge aposta no stand-up comedy enquanto Malu quer inaugurar um clube de música.
Entre dor e sofrimento, ela descobre uma nova vida no Rio de Janeiro e, com ajuda de outras mulheres, Malu “pode fazer uma escolha” que poucas mulheres têm: a de ser independente e dona da sua vida com o “Coisa Mais Linda”, nome do clube de música hospedado no edifício onde ela construiria um restaurante com seu ex-marido, inaugurado graças a sociedade e amizade de Adélia.
Apesar de focar muito em Malu, o bom de Coisa Mais Linda é que, felizmente, a série não fica apenas nela e tenta explorar os dramas de outras mulheres.
Adélia, quem não tem o privilégio de esperar
Um das coisas mais lindas da série é o papel incrível de Adélia (Pathy Dejesus), que mostra claramente a diferença e fardo a mais que mulheres negras têm em uma sociedade opressora. Como a atriz disse nesta entrevista: “A Adélia não tem tempo para muita lamentação. […] Não é que ela não sofra, mas não lhe é dado o tempo. O tempo urge. Ela não tem o privilégio de sentar e chorar.”
Adélia é mãe solteira de Conceição e tem que esconder a existência de sua filha para conseguir ou manter um emprego, necessário desde a infância para se sustentar. Durante todas as relações de Adélia, fica nítido o racismo estrutural e escancarado que não passou impune nem mesmo na amizade de Adélia e Malu, que age como uma “branquela mimada”, assim definida por Adélia em uma briga.
Assista este trecho incrível mostrando Adélia e suas diferentes lutas em relação à Malu:
pqp essa série é de utilidade pública pic.twitter.com/Jc7DEE1LLL
— greys anatomy (@greysanatombei) 19 de março de 2019
Thereza, jornalista de vanguarda
De cara, uma das personagens mais marcantes e modernas da trama. Thereza (Mel Lisboa) morou anos na França em contato com correntes feministas que a libertou sexualmente e como mulher no mercado de trabalho.
No Brasil, além de manter seu casamento aberto, ela trabalha como jornalista em uma revista feminina, tentando levar mais mulheres para a redação e aumentar a representatividade do veículo.
Jogando dentro e fora do sistema, apesar de ser uma personagem corajosa e cativante, a minissérie não a transforma como perfeita e mostra seus dilemas e dores, como todas nós sofremos para tentar mudar o nosso meio pouco a pouco.
Todo um outro nível de “roubar o lugar de fala”. Coisa Mais Linda chega dia 22 de março. #BRASILNANETFLIX pic.twitter.com/UgnSU9jbJF
— Netflix Brasil (@NetflixBrasil) 19 de março de 2019
Lígia, casada e com sonhos roubados
Lígia (Fernanda Vasconcelos) é uma amiga de juventude de Malu que vive no Rio de Janeiro, esposa de um vereador que almeja alçar voos mais altos na política carioca.
Ela é uma das bases mais importantes para que Malu não perdesse as forças e abandonasse seu sonho de ter um empreendimento, enquanto ela mesma negava seus próprios sonhos e sofria sozinha e em silêncio com as constantes agressões de seu marido.
Quer conhecer melhor essas quatro amigas? Corre na Netflix que a primeira temporada inteira está lá!
Faça um brinde às suas amigas. #CoisaMaisLinda pic.twitter.com/VUDsvv8hn1
— Netflix Brasil (@NetflixBrasil) 23 de março de 2019
Jornalista e mestra em divulgação científica e cultural que adora assistir a filmes, séries e animes, ler livros, arriscar um karaokê e tomar uma boa breja. Tem um canal no YouTube sobre cultura japonesa chamado Zatsudan Now!.