Venha conhecer ou reconhecer <3

Nós já falamos aqui no site sobre mangakás mulheres que estão dominando o mundo dos quadrinhos japoneses. Mas falar delas nunca é demais!

O Eisner Award é uma das maiores conquistas para um artista de quadrinhos, tendo recebido seu nome em homenagem a Will Eisner, um dos mais importantes nomes no gênero. E apenas cinco mangakas já figuraram no Hall da Fama do Eisner: Osamu Tezuka (por Astro Boy), Hayao Miyazaki (por Nausicaä do Vale do Vento), Katsuhiro Otomo (por Akira), Kazuo Koike (por Lobo Solitário e Shirayuki-hime) e Goseki Kojima (também por Lobo Solitário).

Até hoje, nenhuma mulher figurou nesse seleto rol, mas isso pode mudar esse ano com a nova indicação de Rumiko Takahashi, autora de InuYasha. É a quarta vez que ela é indicada, repetindo o feito nos anos de 2014, 2016 e 2017.

A popular criadora de mangás Rumiko Takahashi é a líder em vendas entre as artistas femininas de quadrinhos em toda a história, com centenas de milhões de cópias de suas obras tendo sido vendidas pelo mundo. Seu primeiro trabalho publicado foi o one-shot “Katte na Yatsura”, em 1978. No mesmo ano, seu primeiro grande trabalho começou a ser serializado, “Urusei Yatsura”. Ela é a criadora de clássicos como Maison Ikkoku, Ranma ½, InuYasha, Ichi-Pondo no Fukuin, Ningyo Shirīzu e de uma coletânea que recebeu seu próprio nome. Diversos trabalhos da artista foram adaptados para animação.

O usuário @ComicPerch publicou uma thread detalhando a longa e importante carreira da autora, que pode ser considerada uma das mais bem sucedidas escritoras de quadrinhos de todos os tempos, mostrando o quão incrível é o seu trabalho.

[Essa é Rumiko Takahashi. Talvez vocês nunca tenham ouvido falar dela; mas ela é uma lenda no mundo dos mangás e uma pioneira para as mulheres nos quadrinhos. Seu patrimônio hoje é superior a 70 milhões de dólares, e os ativos estendidos são ainda mais altos. E é bom saber um pouco mais sobre ela e sua obra.]

Mas ainda há muitas mulheres que escrevem mangás de maneira fantástica e que merecem mais reconhecimento.

Não que as citadas já não sejam famosas no Japão, mas é importante que as pessoas no mundo em geral saibam quem elas são e a importância que representam, especialmente quando uma grande parcela de fãs pode ainda supor que autores de mangás (principalmente de shounen e seinen) são sempre homens.

Então, se houvesse um Hall da Fama das mangakás mulheres, aqui estão cinco dos nomes que sem dúvidas deveriam estar na lista:

#5 CLAMP

Você pode amá-las, odiá-las ou apenas curtir algumas de suas obras, mas a CLAMP possui uma longa história do mundo dos mangás. O grupo é formado apenas por artistas mulheres, que se reuniram como uma épica banda de garotas no meio dos anos 80. O grupo original possuía onze integrantes, mas já havia sido reduzido para apenas sete no momento do lançamento de sua primeira série, Seiden. Desde 1993 o grupo é composto por quatro mulheres: Nanase Ohkawa, Mokona, Tsubaki Nekoi e Satsuki Igarashi.

O mais legal da CLAMP é a amplitude de seu trabalho, que vai desde trabalhos mais fofos e infantis como Cardcaptor Sakura, passando por obras mais adultas, baseadas em mitologia, como Seiden até chegar a Mahō Kishi Reiāsu e XXXHolic. Seu trabalho possui diversos personagens sem gênero ou sexualidade, além de possuírem uma grande quantidade de personagens LGBT espalhados através do tempo. Um bom exemplo é Syaoran Li de Cardcaptor Sakura, que demonstrou sentir atração por Yukito Tsukishiro. Além disso, Yukito acabou junto com Toya, irmão de Sakura, que saía tanto com homens quanto mulheres. A CLAMP é bem fluida nesse sentido. Wish, por sua vez, apresenta todos os anjos e demônios como não binários, de forma parecida com as Crystal Gems de Steven Universo. Apesar de às vezes acabarem apresentando casais problemáticos, a CLAMP geralmente apresenta obras icônicas e trabalhos fantásticos.

Mais de cem milhões de cópias das suas obras já foram vendidas pelo mundo, e elas ainda tem um canônico multiverso, o que cativa bastante os fãs.

#4 Yuu Watase

Um dos maiores nomes nos gêneros de fantasia e romance, Yuu Watase é mais conhecida por Ayashi no Ceres e Fushigi Yūgi. A primeira é uma série sobrenatural que conta a históra de Aya, uma garota que descobriu ser a reencarnação de uma donzela celestial chamada Ceres, que foi sequestrada por seu “marido” humano, que também reencarnou como seu irmão gêmeo, Aki. A série possui alguns momentos bastante sombrios, mas é também uma espécie de comentário bastante interessante sobre como funcionam os relacionamentos entre homens e mulheres. Já Fushigi Yūgi conta a história de duas melhores amigas, Miaka Yuki e Yui Hongo, que encontram um estranho livro na biblioteca e são transportadas para um mundo que lembra a China medieval. Yui consegue coltar, mas Miaka fica presa no mundo de fantasia e deve sobreviver a uma sangrenta e devastadora guerra. A obra foi um grande marco que iniciou uma era de mangás de fantasia, sendo ainda hoje muito popular.

#3 Keiko Takemiya

Se você é fã de mangás yaoi, então deve agradecer a Keiko Takemiya por isso. Ela é reconhecida por ter ter publicado uma das primeiras histórias de amor yaoi de todos os tempos com Sunroom ni te, nos anos 70! Seu trabalho foi o responsável por definir a estética que influencia até mesmo obras atuais, como Yuri on Ice. Apesar de sem dúvidas haver elementos problemáticos envolvendo o gênero yaoi, não podemos negar que ele tem sido uma forma para homens homossexuais poderem encontrar histórias de romance melodramático que os represente. Kaze To Ki No Uta foi um dos primeiros mangás shoujo com foco no relacionamento entre garotos e o primeiro a ter sexo como um dos pontos principais da história. Lançar a história levou cerca de nove anos, porque Takemiya se recusou a censurar os elementos sexuais da história. Apesar disso, a série é problemática porque utiliza estupro como parte da narrativa e do seu melodrama, ainda que tenha aberto caminho para outras histórias diferentes serem contadas. É basicamente uma versão yaoi de “Os Miseráveis”, livro do escritor francês Victor Hugo.

Suas outra grande obra, “Terra e…”, é muito menos problemática, e conta uma história realmente legal que ocorre no 31º milênio em uma realidade em que os humanos existem sob o domínio dos supercomputadores.

#2 Hiromu Arakawa

Fullmetal Alchemist é sem sombra de dúvidas uma obra maravilhosa. Seus personagens são incríveis, a história é brilhante e mantém você preso do início ao fim, além de ser muito bem ilustrado. Mesmo as suas duas adaptações para anime (uma com o final original de Arakawa e a outra não) são absolutamente dignas no tocante à série. E a obra não apenas é um dos mangás mais vendidos de todos os tempos, mas um excelente lembrete que mulheres podem escrever shounen tão bem quanto homens (difícil superar FMA). Para quem não conhece, vale a pena ler a obra. É sensacional. E eu seria muito suspeita de não indicar, já que é um dos meus preferidos.

#1 Naoko Takeuchi

Vamos lá, né? Você pode não gostar de Sailor Moon, mas a obra é um fenômeno. Quase um estilo de vida. E por isso a série, assim como seu “irmão”, Dragonball, conseguiu tanto sucesso e amor ao longo dos anos. Nessa série, Naoko Takeuchi conseguiu encontrar uma forma de unir mitologia, poder feminino e ação, tudo em uma só história. Usagi Tsukino, uma garota de 14 anos, descobre ser a reencarnação de uma princesa da lua que se sacrificava constantemente para salvar o mundo, graças à sua bondade e seu desejo de ajudar os outros. Sailor Moon é uma das séries mais populares de todos os tempos, já tendo superado a marca de bilhões de dólares em venda de produtos.

Partindo de uma artista com dificuldades para se tornar a criadora de uma sensação culturas, Naoko Takeuchi criou uma série sobre amor, amizade e o poder que existe em ser você mesmo.

***

Quais outras autoras vocês gostam? Comentem pra gente!


Fonte: TheMarySue

Compartilhe: