De onde veio? Quem é e como conquistou várias das maiores produções de Hollywood?

Às vezes parece que ficou impossível assistir alguma coisa sem que os personagens estejam banhados em luzes rosas, roxas e azuis. De Frozen 2 até John Wick, a arte conhecida como “bissexual lighting” (ou “luz bissexual”, em tradução livre) se instalou fortemente como uma estética dos filmes e séries atuais. Para a audiência, esse estilo não é só muito bonito, mas também é uma possível dica para a sexualidade (provavelmente) escondida da personagem. 

A conhecida “Bi lighting” chamou atenção da mídia ultimamente. O youtuber KyleKalgren explicou, em um vídeo do ano passado, que a bandeira bi foi criada em 1988 e utiliza das mesmas cores roxa, azul e rosa. Porém, no audiovisual, essas cores já eram usadas antes da criação da bandeira. Além disso, o conhecimento popular de que existe uma bandeira bi (e outras bandeiras) além da famosa Arco-Íris, é bem mais recente. 

Mesmo assim, é fácil acreditar que os produtores, nos últimos anos, tenham usado essa paleta de cores para mostrar a sexualidade dos personagens, principalmente quando o filme inicialmente não deixa isso explícito. Por exemplo, em Atômica, com Charlize Theron, que mostrou uma heroína bissexual. 

Essa luz específica definitivamente é usada em personagens que são bi ou queer, mas isso não explica tudo. Existe um lado científico nisso tudo também. De forma bem simples, as cores que os humanos podem ver são combinações de três ondas de luz (avermelhada, esverdeada e azulada) que são detectadas por diferentes partes dos olhos.

Alguém na terra de ninguém da internet fez um “Diagrama da Cromaticidade” que representa todas as cores que nós podemos ver. Aqui está:

Diagrama de Cromaticidade

A linha inferior é chamada de “linha do roxo”. As cores ao longo da curva são puras, cores espectrais, mas os roxos e vermelhos na parte inferior são, na verdade combinações, o que significa que o roxo, essencialmente, é uma espécie de ilusão de ótica. 

O roxo sempre ficou de fora do arco-íris e das cores que aprendemos como crianças. Acontece que, por essa análise anterior, roxo é uma cor extremamente rara e, tecnicamente, não é parte do spectrum natural das luzes puras que criam as outras cores. 

Essa linha do esquema, de forma comparativa, é basicamente a bandeira bi e, junto disso, a aura mística da cor e tudo que foi explicado, são os motivos para o roxo ser associado à magia, alienígenas ou o que é desconhecido. 

A luz bissexual foi muito popular nos anos 80, na época do neo-noir. Ela era um costume nos filmes de ficção científica, fantasia ou ação, em que um personagem se encontrava em um lugar perigoso e desconhecido. Mas, o roxo também retratou a realeza e o divino – ou seja, também iluminava o que era especial. Por isso, o esquema de cores não é uma “dica para a sexualidade oculta”, mas para mostrar, de forma breve, uma possível mudança ou a mundanidade. 

Frozen 2 | Foto: Divulgação

A bissexualidade tem muito a ver com o aspecto das mudanças. Um personagem pode ser bissexual, mas a história dele pode não ser focada nessa parte (como Atómica, de novo). Essa alteração é uma experiência retratada nas produções queer no geral e, por isso, em filmes como, Frozen 2 (que teve muita discussão sobre Elsa ser lésbica ou bissexual), é possível ver o uso das cores roxo, rosa e azul. Não só para deixar subentendido algo sobre a personagem, mas também para mostrar que o local para onde a aventura está indo é totalmente desconhecido. 

Então, a “Bi lighting” e a paleta rosa, azul e roxa pode ser (e normalmente é) usada para dar mais valor para histórias queer ou de natureza queer, como, por exemplo, Moonlight. Porém, esse não é sempre o caso, como em Supernatural e Sherlock, da BBC. Essas duas séries têm em comum o mistério, o desconhecido e, como explicado anteriormente, esse também é um tipo de produção que  utiliza bastante a paleta. 

O tópico de cores que refletem o bissexual dentro das telas é muito interessante para falar de arte e como fazer filmes. Tem a parte mais técnica, de como pode ser utilizado um esquema de cores que não é possível ver no mundo real e como isso, sutilmente, dá dicas sobre aquele filme. Mas também tem a parte simples, de como algumas cenas ficam mais bonitas com a combinação certa de cores. 

A conclusão? A famosa luz bissexual pode ser uma coisa ou outra. Na verdade, a luz bissexual pode ser os dois.

Texto traduzido e adaptado do The Mary Sue.

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