Lugar de mulher é na ciência SIM!

A realização de concursos de miss infelizmente ainda é uma prática comum no mundo -o que, logo de início, digo que não deveria acontecer. Cada pessoa tem a sua beleza, seus talentos e a padronização disso é algo tóxico e criado especialmente para aumentar o consumo de itens de moda, cosméticos, procedimentos estéticos e medicamentos.

Apesar dos pesares, percebemos que os parâmetros dentro deste universo estão mudando aos poucos, o que é grande motivo de comemoração. Há muito tempo, têm-se um padrão para as vencedoras: magras, altas e brancas, de acordo com o modelo de beleza que nos é imposto. Inclusive, com tipos de corpo, especialmente, o formato ampulheta, com seios e quadril largos, cintura mais afunilada  e formatos de nariz. Para conquistar o título, bastava que os padrões fossem atendidos. Sempre, é claro, com um sofrimento descomunal.

Nas décadas de 1950 e 1960, tivemos a primeira miss negra: Vera Lúcia Couto dos Santos, chegando, inclusive, em 2011, a surgir a indicação de Leila Lopes, angolana, para o título de Miss Universo. Também temos visto que o padrão de corpo têm mudado, mas de forma muito vagarosa. Um grande exemplo disso é o concurso de 2017, no qual a Miss Canadá foi agredida verbalmente por espectadores por estar fora do peso indicado.

Inclusive, o tema do peso no universo das misses é abordado em vários filmes, como Pequena Miss Sunshine Dumplin’.

Agora, chegou a vez de começarmos a quebrar os padrões quanto à personalidade das misses. Não é raro ouvirmos que as candidatas são pessoas vazias de conhecimento, embora cheias de beleza (alô, Miss Simpatia e a “paz mundial”!), mas a Miss Virgínia de 2019 chegou com tudo para nos mostrar o contrário.

miss virgínia

Para quem acompanha este tipo de concurso, os talentos habituais costumam ser cantar uma música, dançar ou até mesmo truques de mágica. Camille Schrier, uma bioquímica de 24 anos, chegou de jaleco e óculos de proteção para demonstrar a decomposição catalítica do peróxido de hidrogênio, acontecendo uma linda explosão de espuma azul e laranja, conhecida como a reação “Pasta de Dente de Elefante”.

Imagens via John Herzog / Miss Virginia

miss Virgínia Miss Virgínia

A própria Camille disse, em entrevista, que foi essa mudança na competição, que agora valoriza verdadeiros talentos e o impacto social sobre a aparência das candidatas, que a encorajou a entrar novamente nos concursos. E, após ganhar a coroa de missa candidata deu uma bela de uma declaração:

“A evolução da competição Miss America, que reflete uma maior inclusão e uma oportunidade de fazer a diferença e ganhar bolsas de estudo, me inspirou a dar um passo à frente este ano e competir. Eu sou mais que Miss Virgínia. Eu sou Miss Bioquímica, Miss Bióloga Sistêmica, futura Miss Doutora em Farmácia, olhando para uma carreira na indústria farmacêutica”.

Confira o vídeo da performance:

De acordo com o site, o Miss America 2.0 está na busca de inclusão e de tentar quebrar estereótipos e, especialmente, de empoderar mulheres.

Camille Schrier é graduada em Bioquímica e em Biologia de Sistemas, e atualmente está fazendo doutorado em Farmácia.

Miss Virgínia
Imagem via Camille Schrier

A candidata disse que gosta do fato de ser um incentivo para as meninas entrarem na ciência, o que é algo muito importante, já que o campo ainda é dominado pelos homens.

Portanto, parece que a vitória de Camille Schrier foi também uma vitória para a ciência e para as mulheres.

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