Não existe “coisa de mulher/menina”.  Deixem meninos fazer o que amam.

Quando Billy Elliot foi lançado em setembro de 2000, muitos ficaram encantados por esse garotinho que só queria aprender a dançar. Dezenove anos se passaram, e essa história continua sendo tão relevante em nossa sociedade quanto era na virada do século – e não de uma maneira boa. Por muito tempo os garotos faziam “coisas masculinas”, como artes marciais ou algum esporte, enquanto as garotas deveriam fazer dança ou ginástica. Era o “jeito que as coisas eram”.

Então surgiu um filme como Billy Elliot, em que Billy não queria nada além de poder dançar nas aulas de ballet da professora Wilkinson, e assistimos a sua família eventualmente ficar ao seu lado, pronta para apoiá-lo em seu sonho de chegar à Escola Real de Ballet. Mesmo seu pai, que gritava com ele e o proibiu de dançar no início, entende que isso é algo que Billy ama e algo que a falecida mãe de Billy o deixaria fazer.

O filme surpreendentemente conta uma história sobre o amadurecimento de um homem, que se torna capaz de aceitar o jeito do outro, e nos mostra que ainda hoje nós não avançamos muito na forma como vemos as “regras” para as crianças.

O quão frequentemente garotos ouvem que não podem fazer algo porque é “coisa de menina”, e vice-versa? Então mesmo hoje, dezenove anos depois do lançamento do filme, ainda estamos lutando para superar esse falso conceito de masculinidade.

Em uma das mais belas cenas do filme, após Billy participar de um teste para a Escola Real de Ballet, um dos professores pergunta a Billy como ele se sente enquanto está dançando – e isso, sem dúvidas, é o que realmente importa.

Não é um filme sobre o desejo de fazer algo “feminino” ou sobre quebrar a masculinidade no estilo “na sua cara”. Em vez disso, a cena é uma explicação simples sobre o porquê de Billy querer dançar, afinal não é necessário que haja qualquer outro motivo. Ele sente um tipo de eletricidade correndo pelo corpo enquanto dança, e essa é toda a explicação que precisamos.

Estrelado por um jovem Jamie Bell, o filme se tornou um musical vencedor do Tony, com músicas compostas por Elton John. E a música baseada nesta cena, em particular, é uma das melhores do show, porque Billy mergulha completamente na explicação sobre o porquê de querer dançar, mesmo contra a vontade de seu pai.

É tudo sobre explorar a si mesmo até encontrar o que te faz feliz, não importando se o mundo está te dizendo que você não pode fazer aquilo.

O filme (e o show musical) não deixam de lidar com o fato de que a família de Billy e as circunstâncias tornam ainda mais difícil que eles apoiem seus esforços no começo, mas no final eles entendem o amor e o desejo de continuar dançando, e que isso é quem Billy realmente é, e que isso é o que o faz feliz.

E é dessa forma que devemos lidar com as crianças e seus desejos. Se seu filho quer fazer ginástica ou sua filha quer jogar futebol, isso é ótimo. Seja qual for o caso, não podemos magoar nossas crianças por causa de “regras sociais” aleatórias e sem sentido. E mesmo depois de dezenove anos, isso às vezes parece ser difícil de entender para algumas pessoas.

Vamos todas nos emocionar com essa eletricidade, e entender que ainda precisamos de histórias como a de Billy Elliot em nossa cultura pop.


Texto traduzido do TheMarySue.

Compartilhe: