Um filme sob medida para fãs.

No dia 12 de janeiro foi lançado aqui no Brasil o primeiro filme da já popular série de jogos Assassin’s Creed, da Ubisoft. Estrelado e produzido por Michael Fassbender (O Magneto em X-Men Primeira Classe!), com participação de Marion Cotillard ( de Piaf – Um Hino de Amor) e Jeremy Irons (Rodrigo Borgia, em Os Borgia), a história traz novos personagens e conta sobre o milenar conflito entre templários e assassinos em busca da Maçã do Éden – um artefato poderosíssimo que vem sendo disputado desde o primeiro título da série.

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Antes de ler essa review, porém, tenha em mente que eu acompanho a série desde o lançamento do primeiro jogo, ainda em 2007, e venho jogando todos os jogos lançados da série. Digo isso porque, conversando com pessoas que não acompanham a série, as impressões são consideravelmente diferentes, assim como o nível de imersão.

Dito isto, vamos lá!

Assim que saíram os primeiros trailers, já veio o medão de ver sua série favorita mal representada: a música super moderna no trailer me assustou. Assassin’s Creed tem uma das melhores OSTs ingame (quem não ama o tema do Ezio?). Não aproveitar disso seria o primeiro tiro no pé que poderia haver. Depois disso, veio a nova Animus: em lugar dos personagens passarem um tempo deitados na máquina, pelo trailer víamos Fassbender preso a um enorme braço mecânico enquanto revivia as memórias de seu antepassado. (E, pela dinâmica do filme, você logo entende como essa foi uma escolha acertada em lugar do marasmo da Animus 2.0).

O terceiro medo pré-lançamento era o da possibilidade de algum personagem já existente aparecer no filme e daí criar linhas paralelas para sua linha do tempo. O filme (que começou a ser preparado em 2011) seria Canon? Se sim, seria capaz de acompanhar as novidades que viriam com os novos títulos nos anos seguintes?

Felizmente o filme é muito melhor que qualquer trailer lançado e, graças aos Deuses, a música moderninha limitou-se à introdução das cenas atuais (o que achei uma ótima sacada!).

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Para quem não sabe, os jogos de Assassin’s Creed geralmente se passam em uma dupla linha do tempo: o presente e o passado a partir da memória genética do protagonista. O passado dos jogos é apenas uma revisitação do que já aconteceu, portanto, não pode ser alterado, mas sim revisto. Caso o personagem faça algo diferente do que foi feito no passado há a dessincronização – ou Game Over -. Isso inclui matar inocentes, sair pelas bordas do mapa, morrer em combate etc.

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O zelo do filme em repetir certas especificidades do jogo foi uma das coisas que mais gostei. Logo no início é perceptível que todo o processo de adaptação do protagonista ao seu novo ambiente funciona exatamente como os tutoriais do game. Ande, salte, converse, lute, interaja, etc. Callum Lynch, interpretado por Michael Fassbender, renasce nesse início, dando os primeiros passos, exatamente como fazemos sempre que começamos um novo jogo.

Até mesmo a dessincronização, ou Game Over, é bem explorada, dando um gostinho doce para os fãs!

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Outra coisa incrível do filme é que, em todas as cenas do passado, na Espanha, os atores falam em espanhol! Isso mesmo, o filme é todo multilingual. Quando no presente, os atores falam em inglês, quando no passado, em espanhol puro e legendado. Essa foi uma ótima sacada já que, no game, a desculpa para todo mundo importante falar em inglês (ou o idioma de sua preferência), é a presença de um tradutor instantâneo instalado na máquina que faz a sua regressão. Como no filme tínhamos acesso às memórias do personagem, colocar tudo na língua original foi uma experiência maravilhosa! Por mais filmes assim, de verdade!

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Com relação à fotografia do filme, é notável a semelhança dos sets, filmagens e cenários com o que nos é apresentado no primeiro game da franquia. Impossível não sentir ali uma imediata identificação. A escolha de uma Espanha em 1492, próximo da época da expulsão dos Mouros, foi incrivelmente sábia, principalmente se considerarmos que o Assassin’s Creed de 2007 foi feito na região de Jerusalém.

Mas, apesar de ter realmente gostado dessa referência, foi no visual que encontrei a maior falha do filme: o excesso de fumaça em praticamente todas as cenas nos impede de traduzir todo o cenário, ações e personagens. Muitas cenas ficaram confusas, tampadas pelo filtro esfumaçado que cobria as laterais da tela do cinema.

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Outro ponto negativo foi o marketing por aqui no Brasil. Geralmente esse tipo de filme realmente não recebe todo o cuidado de ser promovido no país, mas confesso que muito do hype que recebi veio apenas das contas estrangeiras da Ubisoft e Assassin’s Creed. Faltou divulgação e faltou mais promoção da própria empresa. Estava na esperança de campanhas transmidiáticas como foi a de Batman vs Superman, mas o que teve disso foi bastante local, e nada veio pra cá 🙁

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Por fim, o filme é recheado de fanservice, do início ao fim. Personagens já referenciados na série (fiquei tão feliz ao ouvir o nome de Baptiste! Ainda mais vindo de um título tão mal tratado pelos fãs), armas, movimentos, posicionamento de câmera, imagens de fundo, roupas e pequenos easter eggs são mostrados a todo momento.

Para os mais atentos, vale sempre reparar por sobre o ombro do protagonista: você encontrará maquinário dos jogos, ícones de Assassinos e templários e, próximo do final do filme, três outros protagonistas. Falando em “três”, Callum Lynch (Michael Fassbender) é interpelado por três personagens em determinado momento do filme e todos esses três são claros descendentes de protagonistas de jogos passados! Vale observar os movimentos de batalha de cada um deles para sacar de quais games eles vêm! 😉

Enfim, minha avaliação para o filme é extremamente positiva. Ele tem alguns pontos fracos que imagino serem decorrentes de falta de verba (como o excesso de fumaça para esconder o cenário), mas foi coisa que deixei para trás quando vi as várias cenas de ação recortadas diretamente dos movimentos dos jogos.

Suponho que, para alguém que não tenha jogado, a impressão seja bem menos favorável. Sem pegar as pequenas referências, ou sem entender já o plot de Assassinos vs Templários, a imersão deve ser bem menos eficaz do que foi para mim.

Mas e você? O que achou do filme? Comenta aí com suas principais impressões! 🙂

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