Para todos que querem seguir essa carreira ou estão apenas curiosos 😉  

Depois dos Game Designers e Programadores estou dando continuidade às entrevistas com profissionais das diferentes área de games. Agora chegou a vez do “Artista 2D”! Para quem quer seguir essa área ou tem curiosidade de saber como é o trabalho de um Artista 2D confira a entrevista a baixo com as nossas queridíssimas e eternas Garotas Geeks, Alice Grosseman Mattosinho (Rebel Hound) e Luiza McAllister (2Minds Studio)

Alice Grosseman Mattosinho
Alice Grosseman Mattosinho

Quais são suas experiências como artista na área de games?

AM: Sou formada em design de jogos e entretenimento digital e trabalho com ilustração e concept art para o mercado de games há pouco mais de 6 anos. Após trabalhar em estúdios, montei minha própria empresa para fornecer arte 2D e soluções visuais para games e outras áreas do entretenimento, chamada Rebel Hound. Como sempre gostei de desenhar, vejo a profissão de maneira muito positiva. É possível trabalhar a criatividade, ainda que focada a um projeto, e ajudar a criar coisas novas, moldar soluções e construir toda a parte visual de um game. Para mim é muito empolgante fazer parte desse processo.

LM: Trabalho a 4 anos como artista 2D para jogos! Já fiz parte da equipe de uma empresa brasileira de desenvolvedores criando toda parte gráfica dos jogos da empresa. Como 2Minds já fizemos toda arte de jogos mobile brasileiros e americanos e atualmente estamos focando no mercado de jogos de tabuleiro. Não podemos citar nomes de todas empresas que já trabalhamos, mas entre elas temos Arkadium e Alderac Entertainment.

Qual a função de um Artista 2D?

AM: Existem diversas áreas que um artista pode trabalhar: Concept art, ilustração, interfaces, tiles, props… A função do artista 2D é dar forma visual às ideias da equipe, colaborando com esboços, cores, personalidade e ambientação para aquele projeto. É mostrar visualmente do que se trata aquele jogo, quem são aqueles personagens, o que o mundo oferece.

LM: Criar toda parte ilustrada de um jogo, podendo ou não ir para a área de interface também ou apenas in-game. Em alguns casos onde o jogo final é em 3D, o ilustrador 2D é quem cria os conceitos de todos personagens, cenários e props.

Luiza McAllister
Luiza McAllister

Por que você decidiu seguir essa carreira?

AM: Gosto de criar e explorar possibilidades visuais. Como minha área principal é a criação de personagens, é muito divertido ler uma descrição e apresentar aquela personalidade através da imagem, dos detalhes.

LM: Porque eu amo ilustrar e amo jogar videogame! Poder fazer parte da produção de coisas que eu já gosto me dá muito orgulho e felicidade.

Como anda o mercado de games para quem quer se tornar Artista 2D?

AM: É bastante disputado, principalmente na parte de concept art. Mas, felizmente para nós artistas, todo jogo requer uma parte visual (por mais simples que seja), então sempre vamos ter um mercado com demanda grande.

LM: Bem competitivo. Tem que se destacar bastante!

Quais são as suas inspirações na hora de criar um personagem?

AM: Cada projeto requer uma biblioteca visual diferente, mas particularmente adoro coisas estranhas e peculiares (às vezes um pouco assustadoras). Gosto de pensar que cada pessoa, animal ou criatura tem seu toque de esquisito, de único, e gosto de passar isso no design de personagens. Os detalhes, quando bem pensados, podem fazer toda a diferença entre um personagem genérico e um carismático. Então gosto de criar imperfeições porque me sinto mais conectada (afinal ninguém é perfeito). Às vezes algo simples como um dente quebrado, um corte na orelha, um pequeno furo na roupa, a necessidade de simetria, uma mecha de cabelos bagunçada, representa o cerne de alguém de uma maneira coerente com sua personalidade. Torna-se mais fácil identificar-se com personagens quando sabemos que eles também tem características “imperfeitas”, e mostrar isso visualmente é muito legal.

LM: Depende exclusivamente do projeto.

Qual projeto que você mais gostou de trabalhar e por quê?
AM: Meu projeto preferido foi um jogo que infelizmente nunca saiu, onde tive a chance de fazer criação de todos os personagens. Haviam lobisomens, vampiro, aldeões, bruxa e a ambientação medieval foi muito interessante de trabalhar. Espero algum dia poder fazer um jogo parecido com esse novamente.
LM: Taptiles! Apesar de ser um projeto antigo, é um dos que posso falar sobre, foi super divertido pois tivemos toda liberdade de criação para todos os personagens, ótimos diretores da Arkadium e uma equipe bem empolgada.
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Arte: Rebel Hound

O que é necessário para se tornar um bom artista?

AM: A “fórmula” é simples e muito falada: Dedicação e paixão pelo que faz. Desenhar todos os dias, focar no que está desenhando. É fundamental nunca parar de estudar, sempre continuar aperfeiçoando as coisas mais fundamentais do desenho como anatomia, formas, luz e sombra. Ter uma rede de contatos com outros artistas irá ajudar muito a evoluir, já que pedir opinião de pessoas da área ajuda muito. Sempre que achar que há algo errado com seu desenho, pergunte, peça críticas de forma focada, mostre sua arte para os outros. E, claro, saber ouvir críticas é fundamental.

LM: Nunca parar de estudar e gostar de pesquisar um pouco de tudo. Um bom artista é uma pessoa que sabe usar bem referências diferentes para não cair sempre nas mesmas soluções de criação.

Artes: 2Minds Studio
Arte: 2Minds Studio

Qual(is) dicas(s) você dá para quem quer seguir a carreira?

 AM: Primeiramente é a persistência. Se é o que você quer fazer, mesmo sendo difícil, continue enviando curriculums, aperfeiçoando sua arte e trabalhando em vários projetos. Acho que uma parte importante é não se restringir a empresas grandes. Existem diversos jogos incríveis e independentes que precisam de artistas, é uma chance muito legal de iniciar a carreira. E para isso é importante largar a zona de conforto e aceitar trabalhar em games muitas vezes com temas que não são seus preferidos, mas que irão igualmente acrescentar muito à sua bagagem intelectual. Outra coisa é manter uma rede de contatos. A internet está aí para isso, mas participar de eventos de games é um meio maravilhoso de conhecer pessoas que podem futuramente te indicar para um trabalho ou até mesmo ajudar com sugestões à sua arte. Não tenha medo de pedir e perguntar, por mais assustador que pareça aprendi que as pessoas são muito mais receptivas que parecem.

Então, um resumo seria:

– Persistência

– Evolução constante (através de estudos, projetos)

– Não fique estagnado na zona de conforto

– Busque trabalhos diferentes

– Agregue contatos (internet, eventos)

LM: Leia muito sobre a área que quer entrar, entenda qual ramo dentro dessa área quer seguir, converse com outros artistas já estabelecidos e não passe um dia sequer sem desenhar! 🙂

 

Fica de olho que em breve também vai ter entrevista com Artistas 3D! Você pode conferir as entrevistas com os game designers e programadores aqui e aqui.

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