Bullying na escola + relacionamentos abusivos + autodescobrimento + terror gore = Alena.

Com esta fórmula simples e com temas já conhecidos, a HQ Alena conta uma história envolvente, pois seu autor, Kim W. Anderson, soube misturar tudo isso de maneira sombria e violenta. E prendeu minha atenção até o último suspiro! ui!

Notem a empolgação quando a HQ chegou:

Falei um pouco de Alena umas duas semanas atrás, e estava genuinamente ansiosa para ler a obra. Ela se passa na Suécia, mais precisamente numa escola privada de alto padrão, e Alena, a protagonista, é bolsista. Além disso, ela é ~le estranha e tem uma história mais bizarra ainda relacionada à sua melhor amiga – que morreu no ano anterior. Prato cheio para o bom (#sqn) e velho bullying.

Alena Filippa

E, sim, a escola possui suas Meninas Malvadas, aqui tendo sua ‘Regina George’ representada pela Filippa (meliores nomes!), capitã e artilheira do time de Lacrosse (olha só! Mesmo esporte!). Que é chata até dizer chega! E, claro, persegue a pobre da Alena (que já consegue ser perturbada sozinha, nem precisava de ajuda…) por ela ter algo que Filippa quer: a atenção do boy magia Fabian.

A questão é que Alena não dá a louca e nem ganha superpoderes, ou uma superconfiança na vida e revida com tudo ao bullying, virando uma história de superação. Ela é, no quesito emocional, bem parecida com o resto das outras pessoas. É simplesmente difícil lidar com toda essa humilhação durante a adolescência, e trava. Para completar, apenas 3 pessoas lhe dão apoio: o tal do boy magia, que na prática não ajuda tanto, uma conselheira do colégio, que termina mais atrapalhando do que ajudando, e sua melhor amiga morta, a Josefin. Pois.

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IMG_5677Aí começam os detalhes interessantes da trama. Alena não se apoia apenas na narrativa sagaz e altamente consumível. Mas também na empatia e twist sombrios e violentos. A morte está presente, assim como gargantas decepadas, lágrimas de sangue e objetos cortantes perfurando tudo quanto é corpo, causando banhos de sangue.

E tudo isso mostrado em uma arte com movimento, meio arredonda, mas sem deformar, e trabalhada em detalhes que dão ênfase às expressões. Além de usar cores vivas, mas não berrantes ou gritantes. Elas são sombrias quando necessárias, usando filtros azuis ou verdes em alguns momentos. Tem também um quê gore de terror mais escrachado, daqueles que respinga os fluidos corporais e parecem estar sempre escorrendo viscosamente, acentuando um sentimento de repulsa, dando um sabor a mais à trama. Nham!

Sangue!
Sangue!

Alena panorâmicaA criação de quadros do Anderson remete muito ao cinema, usando grandes planos e uma fotografia que foca no sentimento da vez. Então, quando quer construir uma tensão, ele começa mostrando o inteiro, o cenário e onde estão os personagens. Assim como dá closes neles para mostrar raiva, ódio ou amor. Tendo, inclusive, quadros que mostram apenas bocas ou olhares, intensificando o momento mais ainda. Isso dá dinamicidade e rapidez à narrativa.

Li Alena antes de dormir, como geralmente faço, e seu final me impactou um pouco. Sua construção e condução, a forma como foi apresentada, os ângulos usados, o apelo criado após desenvolver um nível de intimidade com as personagens, em um fôlego só, terminou resultando no tal impacto. Quero dizer, Alena é um suspense/terror/teen delicioso de ler. Desses que numa sentada você devora com gosto e te deixa satisfeita (o).

Alena terror

 

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