A primeira de toda uma geração da nova linha de tempo.

A história do Universo DC continua evoluindo e crescendo ao longo dos anos, e a recente revelação de uma linha do tempo “definitiva” que define a ordem dos grandes eventos da DC Comics não é exceção. Uma das maiores revelações dessa linha do tempo da DCU, exibida no final de semana da Comic Con de Nova York, é que:

A Mulher Maravilha é a primeira super-heroína da “Geração 1”, o que a torna o personagem mais importante da DC.

Um dos aspectos mais importantes dessa mudança é que ela resolve um problema na linha do tempo das HQs que a DC tentou resolver sem sucesso ao longo dos anos. Mesmo que fizesse sentido em um nível metatextual que a DC retratasse o Super-Homem como o primeiro e mais importante combatente do crime – dado seu status como o “primeiro super-herói dos quadrinhos” – o tempo desgastou a história de Clark Kent, e era difícil sustentá-la ou mesmo superá-la. Certamente, nas décadas de 1950 e 1960, a escala de tempo da história da DC poderia acomodar o Super-Homem como o “primeiro”, mas à medida que o tempo passa no mundo real, o Super-Homem vai envelhecendo e de maneira inadequada.

O Super-Homem é mais frequentemente retratado como algo entre um jovem adulto e um homem de meia idade, então, para que a DC consiga encaixá-lo em sua rica tapeçaria de heróis do século 20, fica difícil dizer que o Homem de Aço realmente foi o primeiro de todos os heróis.

Logo, uma heroína que nunca teve problemas em aderir décadas (ou mesmo séculos) à sua reputação imortal, seria perfeita para o papel. E esse alguém é a Mulher Maravilha.

A Mulher Maravilha é a solução perfeita para o problema no universo dos quadrinhos. Faz sentido que ela seja um dos primeiros super-heróis da DC devido às suas origens mitológicas e antigas.

E tem um pouco mais de raciocínio histórico nessa timeline: a Mulher Maravilha é colocada como sendo a primeira da “Geração 1” de heróis, enquanto Super-Homem marca o início da “Geração 2”. Ambos recebem sua importância histórica especial, mas é notável e compreensível que a Mulher Maravilha tenha prioridade na timeline. E isso traduz uma grande mudança no status quo do assunto, enfatizando a importância do ícone feminino nas HQs da empresa.

A mudança também reflete o desempenho da personagem em comparação com os colegas masculinos no mundo real também. Mulher Maravilha foi a primeira exceção notável às decepções dos fãs com os filmes Homem de Aço e Batman vs Superman do DCU. O filme da Mulher Maravilha provou que os fãs não querem recontagens simples de histórias já conhecidas, com os mesmos tipos de pessoas:

Os fãs anseiam por uma diversidade de histórias a partir de uma nova perspectiva, filmes que reconheçam os públicos anteriormente ignorados, especialmente o de mulheres, negros e de personagens LGBT.

Mesmo à parte da consideração social, a mudança também enfatiza uma das principais maneiras pelas quais a DC se propõe a se diferenciar da Marvel. Enquanto a Marvel é conhecida como a maior contadora de histórias de ficção científica, a DC afirma seu domínio em ser a principal produtora de contos de super-heróis baseados em fantasia. A DC adora interpretar a ideia de super-heróis como parte da mitologia moderna, e não se esquiva de usar origens sobrenaturais para explicar personagens como Shazam ou Aquaman, que inclusive tiveram muito sucesso no cinema, superando bilheterias de histórias de Batman e Super-Homem.

Claro, isso não significa que Batman, Super-Homem ou qualquer herói de ficção científica esteja livre das comparações mitológicas. O Super-Homem é frequentemente representado como uma figura semelhante a Jesus, e o Super-Homem All-Star de Grant Morrison popularizou a noção do herói como um Deus do Sol dos dias modernos. Batman representa um lado sombrio da criação de mitos, com a própria Mulher Maravilha comparando-o ao deus romano do submundo, Plutão.

A tentativa da DC de limpar a casa e tornar sua linha do tempo mais sensível e à prova de mudanças de gerações é algo desafiador, mas algo inovador e criativo se o objetivo é fazer com que os fãs vão se familiarizando com os contos mitológicos e o lore em geral. Sejam eles novos fãs que desejam entrar no mundo dos quadrinhos ou fãs antigos – desesperados para saber o que está acontecendo, a mudança é importante em vários níveis.

Às vezes, para abrir espaço para um mundo novo, é necessário entender o antigo, e existem poucos heróis melhores para liderar esse esforço do que a própria princesa amazônica.


Fonte: CBR

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