As mulheres da Marvel merecem mais.

Após quase cinco anos, a atriz Kate Mara resolveu se manifestar sobre sua experiência, que classifica como “terrível”, no filme Quarteto Fantástico (2015), tentativa de pouco sucesso da Fox Film em trazer de volta à vida a equipe de heróis da Marvel.

Quando os trailers do filme foram divulgados, criou-se uma expectativa muito grande sobre o reboot, mas a produção em pouco tempo ganhou as manchetes pelos diversos problemas entre o diretor e o estúdio, e pelas várias edições que a obra havia sofrido. No final, o resultado foi uma versão decepcionante de tudo aquilo que o filme poderia ser. A mídia especializada pulverizou o filme, e um dos aspectos mais negativos do filme foi a baixíssima utilização da personagem Sue Storm (interpretada por Kate Mara).

Em entrevista concedida à Emmy Magazine, a atriz afirmou que teve uma “experiência terrível em Quarteto Fantástico”, e que boa parte disso era resultado das dinâmicas de poder masculino.

“Se eu já me desentendi com uma diretora mulher? Claro que sim”, ela afirmou.

E pode não ter sido a melhor experiência de trabalho? Claro. Mas nunca havia acontecido uma situação em que eu me sentia tipo ‘Isso está acontecendo porque eu sou uma mulher’. Enquanto com os diretores homens, isso era 100% o que estava acontecendo comigo; era uma questão de dinâmica de poder.

E nas duas vezes em que afirma ter passado por esse tipo de situação, ela ressalta que “os filmes eram 95% homens, e eu era a única mulher no filme”.

Falando ao quadro Ladies Night, do canal da página Collider no YouTube, ela deu mais detalhes sobre a experiência de trabalho no filme.

Eu acho que falar abertamente é algo que eu acredito que todos aprendemos de novo e de novo, para seguir os seus instintos, e se você sente que alguma coisa é desconfortável ou algo assim, existe um motivo. Mas, ‘por seu um filme tão grande’, e novamente, ‘normalmente’, ‘exceto nesse caso’, ‘quando você está em um filme grande de super-heróis’, que ‘são geralmente muito bem feitos’, tipo ‘quase sempre’… Então ‘é desafiador’, ou ‘isso ou aquilo’, ou ‘nem tudo é perfeito’, ou ‘é provavelmente algo bom para você fazer’. Esse tipo de coisa me foi dito, e eu repetia para mim mesma. E eu não me arrependo de ter feito [o filme], mas me arrependo de não ter me posicionado firmemente em defesa própria. Isso eu me arrependo com certeza.

O filme de 2015, ainda que problemático, ainda foi assistido por boa parte do público. Afinal, como poderia ser pior do que as lentes de contato e peruca da Jessica Alba? Bem, poderia. Não só o filme foi incapaz de escolher o próprio gênero, mas as regravações mostravam claramente Kate Mara usando uma peruca e transformando “É a hora do espancamento” em algo que Bem ouvia quando apanhava de seu irmão abusivo… Tipo… Bizarro.

Pelo menos os filmes dos anos 2000 não se levavam tão a sério assim.

Mas o aspecto mais irritante do filme foi realmente o fato de que Sue não participava da missão que garantiu a eles os super poderes. Ela basicamente foi pulverizada indiretamente pela radiação e acabou ganhando poderes.

Sue Storm é a primeira-dama da Marvel, a mais poderosa integrante do Quarteto Fantástico, e ainda assim é retratada como muito menos poderosa nos filmes quando comparada aos quadrinhos. Seu status como “a garota” serve para justificar seu tratamento como um mero objeto de afeição, capaz de criar uma rivalidade entre o Dr. Reed e o Dr. Destino. E isso é muito cansativo.

Quando a Marvel resolver levar Sue e o resto da equipe para dentro do MCU, eu espero que não se repita a história da Viúva-Negra, e que ela possa fazer coisas legais, e ao final, assumir sua cadeira como heroína, em vez de cedê-la para algum personagem masculino.

As mulheres da Marvel merecem muito mais do que receberam até agora.


Fonte: TheMarySue

Compartilhe: